Unidade prisional de Aragarças faz campanha para arrecadar livros com intuito da ressocialização de detentos

Justiça

Agência Focaia
Redação
Marcos Filho

Lista de Obras literárias arrecadados na UFMT para uso da reeducação de presos em 
Aragarças – imagem Hortência Galvão.


Unidade Prisional (UP) da cidade de Aragarças (GO), que é integrante da  Diretoria Geral Administrativa Penitenciaria (DGAP), para este ano permitirá a remissão de pena por meio da leitura de obras literárias. Os reclusos serão avaliados a partir da apresentação de resenhas, além de relatórios de livros, dos quais serão doados pela população do Vale do Araguaia.

Com esta intenção foram definidos pontos de coleta nas cidades do Araguaia, um deles fica na Universidade Federal de Mato Grosso, Araguaia, Campus Barra do Garças.

O programa foi iniciado no começo de outubro em parceria com o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), que tem no programa de remissão cerca de 60 detentos, até o momento.  Hoje, a UP da cidade goiana possui cerca de 80 obras literárias disponíveis aos internos em sua biblioteca.

Os livros estão sendo arrecadados independente dos gêneros literários, sendo dispensadas somente as obras didáticas, como, por exemplo: Português, Matemática, Biologia e demais matérias do gênero.

O trabalho é avaliado por dois professores, cedidos pela Programa de Remissão Pela Leitura (PRPL), responsáveis pela análise das atividades propostas pelo programa na penitenciaria.

Os livros arrecadados pela doação são pré-selecionados pelo CEJA, sendo entregues aos apenados participantes um título de obra por mês. Após 30 dias é feito uma prova que consiste em apresentação de resenha para aqueles os que completaram o ensino médio e resumo para os que têm ensino fundamental.

Hortência Galvão, universitária de licenciatura do curso de Letras da UFMT, que é responsável pela coleta de doação de livros na universidade mato-grossense, realiza Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na temática, com o título “O poder humanizador da leitura”. Ela explica que “é preciso obter uma nota igual ou superior a seis para redimir quatro dias em sua pena”. O apenado poderá reduzir até 48 dias de prisão por ano com a atividade de leitura.

Como acrescenta Galvão, “durante esse período de 30 dias, os apenados são orientados a como escrever melhor, tutorias de gramáticas, tentando assim sanar as dúvidas quanto à confecção das resenhas e resumos, auxiliando-os a obter êxito na prova escrita”.

A ideia de usar os livros como uma forma de ressocialização segundo Hortência, tem como “intuito mudar o cenário onde quase 70% dos egressos voltam a cometer novos crimes [segundo pesquisa noticiada pelo senado federal].O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Resolução n. 44/2013 da Lei n. 7.210/84 de remição de pena, propõe aos presídios, projetos que incentivem a remição por meio de oficinas de leitura e assegurou o direito do apenado de ajustar proporcionalmente sua pena, levando em conta sua disposição à ressocialização através do estudo ou trabalho”, afirma.