Educação
pública
Agência Focaia
Reportagem
Jessé
Santos
Alunos
do Campus Araguaia da UFMT se reuniram, na última segunda-feira (21), com o
presidente da Associação dos Docentes da UFMT (ADUFMAT), Reginaldo Araujo, em
Barra do Garças – MT, para conversar sobre a possibilidade de greve na
universidade e outras estratégias contra a aprovação da PEC 55 (241) em
tramitação no Senado Federal.
Na
reunião, Reginaldo deixou claro sua preocupação com a aprovação da PEC e falou
sobre os campi de Sinop e
Rondonópolis, onde estão sendo implantados cursos de medicina, que dependem de
concursos públicos para gerar demanda de alunos.
O presidente da Adufmat também revelou aos
estudantes o atraso nas obras do campus de Várzea Grande, afirmando que a
limitação de investimentos que a PEC propõe é uma ameaça ao desenvolvimento da UFMT
e da educação brasileira como um todo, pois com o sucateamento do ensino “a
universidade corre risco de ser privatizada”.
Araujo
também apresentou aos alunos do Campus Araguaia as últimas decisões tomadas
pelos professores e alunos em Cuiabá, Campus em que está a sede da presidência
da Adufmat. Por meio de votação, os professores aprovaram o indicativo de greve
e os alunos decidiram ocupar alguns prédios da universidade. No entanto, a
UFMT, Campus Cuiabá, só irá votar sobre a deflagração da greve na próxima
quinta-feira.
Campus Araguaia
Uma
parcela dos estudantes presentes na reunião se opuseram à greve, alegando que
haveriam outras alternativas para representar o repúdio à PEC 55, em tramitação
no Senado (que na Câmara ficou conhecida como PEC 241), como panfletagem de rua
e manifestações em espaços públicos de Barra do Garças e em Brasília. Segundo
os alunos, a greve não traria os resultados esperados e prejudicaria ainda mais
o calendário da universidade. O presidente da Adufmat disse que a greve é usada
como última estratégia, mas que talvez possa ser a única que resta: “a minha
categoria tem criado outras alternativas, mas a gente não tem avançado”,
respondeu o presidente.
Um dos
discentes questionou a ausência de diversidade ideológica nos debates sobre as
políticas da universidade e afirmou que existem pontos de vista sobre a
aprovação da PEC que não estão sendo considerados, sem permitir que os alunos
tenham pleno poder de escolha na tomada de decisões. Araujo afirmou, no
entanto, que todas as contribuições eram bem-vindas, mas que a grande mídia se
encarregava de convencer a população dos benefícios da PEC, por isso a Adufmat
não precisava fazer o mesmo.
Antes
de encerrar a reunião, o diretor da Adufmat Araguaia, o professor Deyvisson
Costa, repassou o calendário de atividades e manifestações contra a PEC 55 para
os alunos. Conforme relatou, hoje (22), pela manhã, seria realizado reunião com
os professores do campus Araguaia para tratar sobre a possibilidade de greve;
quarta-feira (23), pela manhã e à noite, aulas abertas a todos sobre política
nacional; quinta-feira (24) preparação para a manifestação de rua e confecção
de cartazes na universidade e sexta-feira (25), paralização nacional com
manifestações de rua. O calendário será revisado pelo Diretório Central dos
Estudantes (DCE) e será devidamente publicado.
Além
dessas atividades, a Adufmat se comprometeu a ajudar os manifestantes que estão
dispostos a ir para Brasília no 29 realizar protestos, no dia de votação, em
primeiro turno, no Senado. A PEC 55 em votação tem como proposta mudança
constitucional, que limita em 20 anos os gastos públicos com educação e saúde.
Em segundo turno a votação, entre os senadores, está marcada para dia 13 de
dezembro, deste ano. O governo Michel Temer (PMDB) trabalha com expectativa de
promulgação da proposta, dois dias depois, em 15 de dezembro.