'Vivenciamos uma falência de práticas discursivas', diz professor da UFPE na sétima edição da CBCSHS/UFMT, Campus Cuiabá
Congresso
Agência Focaia
Fonte – UFMT/ASCOM
Foto - UFMT/ASCOM
Realizada na
manhã desta segunda-feira (10), no Teatro da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), conferência de abertura da sétima edição do Congresso Brasileiro
de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (CBCSHS), proferida pelo professor Paulo
Henrique Novaes Martins de Albuquerque (foto ao lado), da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE). O evento é organizado pela parceria entre a Associação Brasileira de
Saúde Coletiva (Abrasco) e a UFMT.
Martins de
Albuquerque abordou inicialmente a crise verificada em diversos níveis do
capitalismo contemporâneo: financeira, epistemológica e moral. “Com o advento
da financeirização do capital e o estímulo do consumo como um ‘doping
sentimental’, observamos que as subjetividades estão sendo reprimidas e
desorganizadas, ocasionando problemas psicossomáticos de saúde. Vivenciamos uma
falência de práticas discursivas. É necessário, portanto, ressignificar o viver
em comunidade”, observou o professor.
Como
alternativa para essa metamorfose de paradigmas, o professor cita a
descolonialidade dos saberes, proposta pelos autores Walter Mignolo, Aníbal
Quijano e Boaventura de Sousa Santos. “Essas novas ‘epistemologias do Sul’
preconizam o método de viver a realidade, no lugar de controlar a realidade,
conforme dita o método científico atual”, frisou.
A
colonialidade, conforme Martins de Albuquerque, ocorre em dois momentos: no
poder e saber. “O modelo colonial vigente hierarquiza e classifica em raças,
gênero e classe econômica. Já esta abordagem descolonial possibilita a
simultaneidade da teoria e prática na construção de conhecimento”, prosseguiu.
Especificamente
na área da Saúde, o pesquisador cita o Sistema Único de Saúde (SUS) como caso
de sucesso e referência de política pública, inspirada em uma lógica
social-democrata e voltada para a valorização do usuário. “O SUS é uma
iniciativa para pensar novos paradigmas em saúde pública na esfera global”,
finalizou Martins de Albuquerque.