'Nós não temos medo dessa classe', reage governador de MT às vaias de professores em evento político
Educação
Estadual
Patrícia Helena Dorileo
O governador Pedro Taques
(PSDB) esteve em Rosário Oeste (113 km de Cuiabá) na noite desta terça-feira
(20) para subir no palanque de candidatos a vereadores do município. No
evento, um grupo de professores aproveitou a ocasião para protestar. “Queremos
nossos direitos”, eles diziam.
No entanto, o chefe do
Executivo não gostou das manifestações e retrucou. “Ah, sim, olha só, em uma
sala de aula enquanto o professor fala, os alunos ficam quietos. São
baderneiros, estão atrapalhando. Mas nós não vamos nos importar, porque nós não
temos medo dessa classe”, disse.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores no Ensino Público (Sintep-MT), Henrique Lopes, disse que não
sabia que o governador estaria naquela cidade, que não há orientação do
sindicato para protestos em eventos eleitoreiros, mas que a reação dos
servidores é natural.
“Ele não precisa ter medo,
precisa ter respeito. Nossos direitos estão sendo atropelados. Isso é falta de
respeito. A reação diz respeito à provocação que ele, Pedro Taques, tem feito.
Se ele quer ser aplaudido, que tenha pelo menos respeito”, dispara.
Enquanto proferia seu
discurso pedindo votos aos seus candidatos e prometia recursos do governo
para pavimentar o bairro onde estavam, Taques continuava sendo alvo das
manifestações.
“Olha o professor... Imaginem
nossas crianças e adolescentes aprendendo com esses professores. Os senhores
sabem que os professores de Mato Grosso recebem o 3º melhor salário do Brasil?
Sabiam que Mato Grosso, no dia 01º de janeiro de 2015, tinha a 26ª pior
educação do Brasil? Os senhores já viram professores como estes se manifestando
para melhorar a qualidade do ensino?”
O representante da categoria
complementa. “Nosso problema com o governo não está resolvido. As manifestações
são reflexos da indignação do que foi a greve de 77 dias, do quanto está sendo
difícil para os trabalhadores não terem sua reposição salarial em dia. A reação
da categoria demonstra que as coisas não andam bem no governo nem na Educação.
O povo não se sente representado, não está contente com a liderança nem pela
política escolhida pelo governador”, argumenta Lopes.