Em palestra na FAC, Vasco Ribeiro aponta para importância das
assessorias nas campanhas
Seis de cada dez notícias publicadas pela mídia são pautadas
pelas assessorias de imprensa. A conta é de Vasco Ribeiro, professor de
comunicação da Universidade do Porto (norte de Portugal), autor de tese de
doutorado sobre as “notícias induzidas” pelas assessorias de imprensa. “Grande
parte do trabalho das assessorias hoje em dia é plantar notícia”, relatou.
Ribeiro esteve na FAC no dia 27 de agosto, a convite da
professora Thais de Mendonça Jorge, para falar sobre comunicação política e o
trabalho dos assessores. Na palestra, ele chamou atenção para o spin doctoring,
técnica de relações públicas que aliam o marketing e a publicidade ao
jornalismo para promover mensagens e criar imagens positivas dos clientes, em
especial dos políticos, na imprensa.
Citando a corrida presidencial no Brasil, Ribeiro assinalou
que o objetivo da técnica é conduzir a agenda midiática, construir uma
personalidade política e, claro, ganhar eleições.
De acordo com o professor português, os assessores de
políticos brasileiros (assim como acontece nos Estados Unidos) recorrem muito à
pessoalização da mensagem para despertar simpatia dos eleitores: “O lado
pessoal do político é algo muito mais agradável de divulgar. Falar sobre
macroeconomia ou sobre o Bolsa Família é muito complicado”, assinalou.
Vasco Ribeiro também tratou do cotidiano dos assessores de
campanha que inclui a elaboração de discursos, fazer gestão de eventuais
escândalos, e cuidar do antes e do depois dos debates. Segundo ele, uma parte
importante do trabalho é o relacionamento com repórteres e colunistas, e
atraí-los pela exclusividade da informação. “O importante não é mais dar a
notícia para todos, mas só para um”, recomendou.
Além de ter iniciativa, Ribeiro salientou que os assessores
precisam ser discretos, manter proximidade com o político para quem se trabalha
e conhecer as redações em profundidade, onde devem gozar de boa reputação. “Eu
nunca menti para um jornalista. Se for para mentir, eu prefiro nem atender o
telefone”, comentou ao se referir às suas experiências como assessor de
imprensa em campanhas políticas para a Câmara Municipal da Cidade do Porto e
também na Reitoria da Universidade do Porto.
Fonte: FAC