Será mesmo o fim da privacidade?

Imagem: engenhariae



Confesso que estou curiosa. Depois de cinco meses morando e estudando em Paris, descobri, ontem, mais um núcleo de estudos que reflete sobre cultura digital. Explico: o grupo discute, dentre outras questões, a (permanência da) privacidade em ambientes digitais. O mencionado tema, além de atual e recorrente, é de interesse de estudo do GITS, impulsionando uma série de posts aqui no nosso blog, desde 2012. Muito se fala sobre as questões referentes à privacidade na rede – e em geral, as discussões gravitam em torno de uma irreversível – e já em voga, diria uma determinada corrente de pesquisadores – perda de privacidade, com a qual eu tendo a concordar, inclusive.

O que despertou a minha curiosidade, entretanto, foi o fato desse núcleo de pesquisa, coordenado por Antonio Casilli, pensar diferente. Ou, pelo menos, de trazer outro olhar para a questão da privacidade na rede. Casilli é Professor Associado doDigital Humanities, na Telecom ParisTech e pesquisador de Sociologia no Centro Edgar Morin, na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS, Paris). Vou conferir de perto, claro. No próximo dia 17 de março, participarei de um seminário organizado pelo referido professor, também co-autor do recém lançado livro Against the Hypothesis of the End of Privacy – An Agent-Based Modelling Approach to Social Mediade 2014. Ainda não deu tempo de comprar o livro – quiçá de aprofundar a leitura. Trata-se, resumidamente, de uma defesa da privacidade como uma força social resiliente, resultante do comportamento de um conjunto de usuários conectados entre si. Os autores argumentam que o uso da internet e das mídias sociais não implica, necessariamente, no fim da privacidade e que a publicização de si (outro tema também bastante explorado pelo GITS) não se constitui numa “nova ordem”.