"Brasil real" obriga Globo a atenuar ufanismo na Copa das Confederações

A Globo sempre foi acusada, muito justamente em alguns momentos, de dar as costas para os problemas do Brasil e apresentar a sua versão cor de rosa da realidade: um país cor de rosa, mostrado em coberturas jornalísticas cor de rosas, novelas cor de rosa e outros programas de igual tonalidade.
Foi assim durante os anos mais duros da repressão militar e no começo da campanha das Diretas Já,em 1984, o último momento tão grandioso de manifestações populares quanto esse de agora (muito maior, ao meu ver, que o movimento "cara pintada", de 92). Na tela da emissora, o movimento das Diretas foi apresentado, inicialmente, como mera comemoração do dia do trabalhador, em São Paulo. Só depois da pressão popular (regada a gritos com o bordão que se tornou clássico "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo"), a TV passou a cobrir, timidamente, os protestos. O mesmo vira-casaca, sob pressão popular, aconteceu agora, com a Globo e o restante da "grande mídia". Começaram ou ignorando a real dimensão dos protestos ou demonizando-os como "coisa de baderneiro". Foram obrigadas a mudar o tom do discurso quando o movimento tomou proporções não imaginadas e viram seus repórteres hostilizados pelos  manifestantes. A partir daí a cobertura ganhou artes cômicos, com o esforço exagerado de classificar qualquer ato como pacífico, do qual destoava uma minoria baderneira.
 Enfim... Não dava para seguir mostrando a vida em cor de rosa- ou em verde amarelo, já que estávamos começando a vivenciar o clima da Copa das Confederações. Com a Fifa, os políticos e tudo que envolvesse o evento imersos num mar de lama de gastanças e privilégios e alvo dos protestos nas ruas, a Globo precisou baixar a bola e moderar o tom ufanista com que tem tratado os grandes eventos esportivos, como numa espécie de receita de bolo: todo grande acontecimento que envolve paixão popular- especialmente os esportivos- a emissora enquadra na fórmula batida do apelo barato ao nacionalismo. O momento pedia menos fantasia e mais realidade.
Abaixo link para uma ótima análise do crítico da Folha/UOL, Maurício Stycer.


http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/07/01/brasil-real-obriga-globo-a-atenuar-ufanismo-na-copa-das-confederacoes.htm