Unidade da UFMT no Pontal do Araguaia faz história na educação pública e desenvolvimento regional

História


Claudio Nunes

Wanessa Barbosa


No Araguaia a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) inicia as suas atividades acadêmicas em 1981, há 43 anos, porém a fundação de sua primeira edificação somente ocorre sete anos depois, com direito a placa assinada pelo presidente da república, José Sarney (1988), logo após o fim da ditatura no Brasil (1985). 


Embora, hoje sem o destaque que merece, a primeira unidade da universidade pública federal mato grossense foi construída na cidade de Pontal do Araguaia (MT), num momento em que a região também passava por transformações históricas. 


Como relata a servidora técnica recém-aposentada, Léa de Oliveira, anteriormente o campus Araguaia, como conhecemos atualmente, a unidade universitária da UFMT no Araguaia era conhecida pelo nome de Centro Pedagógico de Barra do Garças (CPBG), com funcionamento na cidade de Barra do Garças (MT).



Entrada da UFMT, Unidade Pontal do Araguaia, na Avenida Universitária, que marca o 

surgimento da instituição pública na região - Imagem: Wanessa Barbosa.



A UFMT Araguaia, então em 1988, passa a ter sede própria num momento de desenvolvimento regional, por isso, contribuindo com sua função educacional e científica na formação de profissionais e no desenvolvimento social e econômico regional.


A história da Unidade I do Campus Araguaia ocorre efetivamente no ano de 1989, período em que a vila alcançou seu desenvolvimento urbano e inicia projeto de emancipação política de Torixoréu e Guiratinga, que se efetiva três anos depois, para se tornar o munícipio de Pontal do Araguaia (MT), em 1991. Na ocasião, Valdemar Nogueira, que depois se elegeu o primeiro prefeito da cidade, se dispôs a doar o terreno para a construção do espaço físico da instituição. 


Após receber o campus da UFMT, a comunidade presenciou transformações geradas pela presença da universidade, como destacam seus pioneiros. O município do Pontal do Araguaia se ampliou e desenvolveu com a presença também com a chegada de órgãos públicos, escolas, correios, delegacias e muitas outras instituições públicas. 


A universidade começou ensinando ciências e literatura, como estão descritos nos registros de sua fundação, que, com o passar do tempo, ampliou sua abordagem, oferecendo novos cursos e programas. Historicamente, seu foco era para atender às necessidades em constante mudança da sociedade e às demandas do mercado de trabalho. 


Na proposta política da época, a perspectiva seria de uma educação pública de qualidade a resultar na formação de estudantes da região e também se tornar uma referência que promova a chegada de estudantes de toda parte do Brasil, tornando uma espécie de motor para o desenvolvimento regional.


Além de se dedicar ao ensino, pesquisa e serviços comunitários, o Campus Araguaia contribuiu com a valorização da cultura, artes e conhecimento, como resultado de atividades promovidas pela instituição como eventos e projetos sociais. 


De fato, a universidade é reconhecida e uma referência pela população ao se tornar um lugar de aprendizado e interação para estudantes, professores e a comunidade ao longo das quase quatro décadas de existência.


O pioneirismo e desenvolvimento


Unidade I da UFMT na cidade do Pontal do Araguaia, área
interna do Campus -
 Imagem Wanessa Barbosa.


A história da unidade I do campus Araguaia se confunde com a trajetória de Léa de Oliveira, servidora técnica administrativa aposentada recentemente pela instituição.


Oliveira ressalta a importância da UFMT em sua vida ao dizer que foi o lugar em que se desenvolveu como estudante e profissional,  egressa do curso letras antes mesmo da unidade I ser construída, foi aprovada no concurso em 1987, mas só foi empossada no ano de 1989. Oliveira conta à reportagem da Agência Focaia como foi a época dos primeiros anos trabalhando na universidade.


 “Era tudo muito difícil no início, não tínhamos transporte da universidade, quando chovia, era comum a energia acabar, todos íamos preparados com velas e lanternas na mochila, para sanar o problema do transporte, a instituição na época contratou a empresa Maia para levar e trazer os alunos. Se alguém atrasa, terminava o dia sem condução, muitas vezes fui a pé até minha casa em Aragarças”.


Oliveira ressalta a importância da UFMT em sua vida além da instituição, com elogios ao lugar que fez parte dos anos de sua trajetória profissional e de vida.


“A minha história de amor com a UFMT é uma coisa maravilhosa, antiga e maravilhosa. Eu pude aprender muito, eu ensinei, eu pude estudar, enfim, tudo que eu tenho, eu conquistei trabalhando na universidade e eu me aposentei lá 34 anos depois. Então, eu valorizo muito a UFMT, eu tenho um respeito muito grande pela UFMT e eu também fui valorizada.”


Com o passar do tempo, no ano de 2009, durante o projeto do governo federal de ampliar a universidade brasileira por meio do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), a UFMT construiu uma nova unidade, na cidade de Barra do Garças, onde funcionam hoje 12 cursos de graduação e 5 cursos de pós-graduação.


Na unidade da cidade do Pontal do Araguaia a UFMT oferece quatro cursos de graduação, onde está o ginásio de esporte da instituição, local de eventos regionais, além dos laboratórios para pesquisa científica das respectivas graduações.


A nova unidade, portanto, retirou a atenção do pioneirismo do Pontal do Araguaia. Assim, como relembra seus fundadores, apesar de a primeira unidade da UFMT ter feito parte da história de educadores e servidores como Léa, parte da comunidade desconhece a sua história.


Como a formação acadêmica é dinâmica, com ciclos de quatro a cincos anos, estudantes que passam pela unidade de Barra do Garças, muitos deles, nem tiveram a oportunidade de visitar às suas instalações. Como resultado a UFMT do Pontal se torna cada vez mais um lugar que se distancia do seu dinamismo dos primeiros anos de atividades, apesar do amplo espaço com infraestrutura acadêmica em meio à natureza.



Dezembro de 1988, no governo José Sarney, três anos

após o fim do governo militar no país, o Araguaia

 inaugura a primeira unidade do Campus

Universitário do Araguaia, data importante

para valorização da ciência e

desenvolvimento regional 

- Imagem: Wanessa Barbosa.