Fábrica de whisky se transforma em campus universitário na cidade de Barra do Garças, em período de expansão da UFMT Araguaia
História
Agência Focaia Reportagem Marcos Filho Isadora Viana
A
história do surgimento do Campus Araguaia da UFMT, da cidade de Barra do Garças,
inicia-se a partir de uma fábrica de whisky, com dose de negociações políticas.
No lugar em que há o campus universitário, com vista privilegiada da Serra
Azul, cartão postal da cidade, funcionou uma fábrica de destilado por três
décadas. Na região do Alto Araguaia, a primeira unidade da universidade
mato-grossense pertenceu ao município de Torixoréu, cuja área de domínio
político territorial abrangia a cidade Pontal do Araguaia.
Planetário da 2. Unidade do Campus Universitário da UFMT Araguaia, com implantação
em
2009, tendo ao fundo Serra Azul – Imagem: Arquivos Focaia.
A
fabricante Campari do Brasil, responsável pela produção da marca de whisky
Drury’s no país deu lugar a segunda unidade da Universidade Federal do Estado
de Mato Grosso (UFMT), Campus Araguaia (CUA), em 2009. Construído com o incentivo fiscal da
Superintendência de Desenvolvimento de áreas abrangentes em todo o território
brasileiro.
A
antepassada fábrica teve como finalidade trazer benefícios econômicos para o
Munícipio mato-grossense de Barra do Garças e região, mas que acabou por não servir
ao propósito, ficando mais de 30 anos desativada e abandonada, exigindo do
estado, medidas com atenção às políticas públicas da época.
Segundo Adenil da Costa Claro, professor do Instituto de Ciências
Humanas e Sociais (ICHS) do curso de Letras, “o que se produzia
nesta “fábrica” era o esmagamento de milho, uma das matérias-primas para a
fabricação de bebidas alcóolicas. O produto desse esmagamento, por certo, era
encaminhado para a fábrica da Drury’s na produção em grande escala da bebida”.
No terreno estavam disponíveis e sem uso várias construções, muitas em
perfeito estado de conservação, onde funcionam hoje o salão multiuso e o prédio
da Pró-Reitoria do CUA.
Além de outras dependências, como os hoje laboratórios e salas de
professores que ficam na parte de baixo do campus, próximos a área verde
protegida, remodeladas e aproveitadas. As demais construções que existem, os
blocos de salas de aulas, mais laboratórios (próximo a cantina) foram
construídos pela UFMT e com recursos do Ministério da Educação (MEC).
Claro pontua que “o governo do Estado de Mato Grosso, à época, adquiriu
todo esse espaço, junto ao proprietário da área, e doou para a UFMT implantar o
campus 2, ou seja, a UFMT precisava expandir mais cursos e o espaço construído
no campus 1, Pontal do Araguaia, já não era mais suficiente”.
A UFMT
Araguaia, nesta época mantinha dois institutos, o de Licenciatura Curta em
Ciências (Matemática, Física e Biologia) e a Licenciatura Plena em Letras
(Língua Portuguesa e Literatura).
Um campus
e duas unidades
A I Unidade do Campus Araguaia, no território de Pontal do Araguaia, foi
o maior sonho da comunidade acadêmica da região, conforme relembra Claro. Antes
da sua concretização, já havia o funcionamento dos primeiros cursos, em 1981,
nas dependências da Câmara Municipal de Barra do Garças, efetivando-se em um
espaço maior e adequado, “seguimos para o Bairro BNH, onde atualmente se situa
o Rotary Club Águas Quentes. Ali naquele pequeno prédio instalou-se a
Coordenação do Centro Pedagógico e parte administrativa”.
As aulas foram para a Escola Francisco Dourado, a 150 metros dali, mas
que teve que passar por adaptações e construção de mais umas três ou quatro
salas de aulas, com investimento custeado pela UFMT. Neste espaço os
professores e demais funcionários da UFMT, exerceram por mais ou menos três
anos, até 1984. Ao passo que a demanda de novos universitários em busca de
graduação, houve novamente a mudança de localidade, passando a residir no
Bairro Santo Antônio.
Como um dos professores em atividade na UFMT, o professor de Letras, descreve
que “a administração e salas de professores, junto da modesta biblioteca e dois
pequenos laboratórios, foram instaladas no antigo Mercado Municipal do Bairro
Santo Antônio. Vindo a ficar conhecida dentro do meio acadêmico como “mercado
pedagógico”. As aulas aconteciam na Escola Estadual São João Batista, na
avenida 31 de março, cedida pelo governo Estadual”.
Como conta Claro, “o Curso de Licenciatura Curta foi extinto e
criou-se os Curso de Matemática e o Curso de Biologia, além do Curso de Letras,
que se manteve funcionamento. Ali permaneceu até julho de 1988, quando se
inaugurou uma estrutura ampla, moderna no Pontal do Araguaia, que era o
Instituto de Ciências e Letras do Médio Araguaia – (ICLMA)”.
“A única dificuldade que enfrentamos foi a ausência de ligação asfáltica
entre a saída da cidade de Pontal do Araguaia até o Campus, um trecho da MT
100, cerca de 3km. Comemos muita poeira”. Dois anos depois, em 1990, o Governo
do Estado asfaltou o trecho.
A primeira unidade de Pontal do Araguaia foi administrado pelos
professores Albérico Rocha Lima, que foi o idealizador e criador da extensão da
UFMT na região do Araguaia, passando para seu sucessor, o Prof. Emerson Ramos
de Souza, docente da área de Matemática e Física, Professora Braulina Silva
Morbeck, docente da área de Letras, Professor Paulo César Venere, docente da
área de Biologia e Professor José Marques Pessoa, docente da área de Matemática,
que ocupou o cargo de Pró-Reitor do Campus do Araguaia, por dois mandatos, até
2017, idealizador e construtor do campus II em Barra do Garças.
A professora Marly Augusta Lopes de Magalhães que se gradou em Letras no
Campus Araguaia, desde 1986 pertence ao quadro docente da UFMT, relembra que ao decorrer de
2009 houve “aumento de oferta de Cursos na
Unidade do Araguaia, que de três passou-se a 16, uma realidade que enriqueceu a
região”.
Atualmente no Campus I estão
em atividade os cursos de Biologia, Matemática , Química e Educação Física, com
biblioteca própria, além dos laboratórios que servem aos cursos do Campus II. Onde
está também o Ginásio de Esportes da UFMT Araguaia.