Retorno das aulas presenciais na UFMT segue indefinido, mas setor administrativo sinaliza para atividades no Campus de Cuiabá

Aulas a distância 

Reportagem 

Matheus Lôbo

Sara Ribeiro

 

O retorno às atividades presenciais nas universidades brasileiras continua um dilema para as comunidades acadêmicas na busca de definição para o momento de volta às aulas com salas lotadas e segurança necessária, sem aumentar os índices de infecções pelo novo coronavírus. Com o país atingindo mais de 500 mil mortes, o assunto torna-se polêmico entre professores, estudantes e servidores técnicos, resultando em debate nas administrações universitárias, municípios, governos dos estados e assembleias legislativas.

A Universidade Federalde Mato Grosso decidiu pelas aulas remotas em agosto do ano passado, depois de quatro meses de paralisações das atividades pedagógicas. De lá para cá avalia as condições epistemológica das regiões dos campi com vistas ao retorno presencial, sem sinalizar nenhum movimento neste sentido.

Elias Marcelino Rocha, professor do curso de Enfermagem na UFMT/CUA, afirma que “em tempos de pandemia, as aulas remotas ainda estão sendo a melhor conduta. Discentes e docentes precisam continuar uma busca por resiliência e novas tecnologias a fim de diminuir os impactos negativos”.

 

 

A volta das atividades presenciais em todos os campi da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) só será possível mediante vacinação de toda a comunidade acadêmica  Imagem: Reprodução.

Na avaliação do enfermeiro e docente da UFMT/CUA Elias Rocha, a volta dos alunos nos campi deve estar essencialmente ligada à vacinação. “O retorno presencial irá acontecer paulatinamente, primeiramente para as atividades práticas e estágios. E o retorno total dar-se-á após a vacinação da maioria da população”. 

Segundo os dados do anuário estatístico de 2020, da Pró-reitoria de Planejamento (Proplan), divulgado no portal da UFMT, são mais de 19 mil pessoas envolvidas na instituição, entre estudantes, professores e técnicos, além dos outros servidores contratados. Só no campus do Araguaia há um total de 2.215 alunos, 231 professores e 75 técnicos.

Em razão da quantidade expressiva de pessoas pertencentes à comunidade acadêmica há um alto risco envolvido no retorno das atividades presenciais, que pode impactar drasticamente em toda região do Vale do Araguaia, conforme alerta Rocha.

“No momento é inviável o retorno presencial, pois Barra do Garças continua em risco muito elevado. Nós temos suporte para bom tratamento, no entanto não é suficiente para atender toda população. Teríamos que encaminhar para outras regiões”, informa.

O docente acrescenta que “muitos estão inseguros, justamente pela lentidão da vacinação, número alto de contaminação e hospitais lotados. A UFMT Araguaia não tem recursos adequados para adaptações, nem para teoria e nem para estágios.”

Segundo dados do último boletim da Secretaria municipal de Saúde de Barra do Garças, publicado no último dia 07 de julho, a cidade contabiliza 8.700 casos, sendo 693 ativos, e 305 óbitos, enquanto no estado de Mato Grosso, o número de casos confirmados chega a 460.595 e o número de mortes chega 12.243. No entanto, mesmo com o alto número de casos, o último decreto publicado pela prefeitura municipal permite o retorno das aulas presenciais de instituições de ensino superior, com 100% da capacidade total a partir de agosto. 

A universidade criou um comitê de prevenção à covid-19, intitulado "UFMT contra o coronavírus”. O grupo emite informativos e relatórios sobre a situação epidemiológica das regiões onde a Universidade está inserida (Cuiabá/Várzea Grande, Araguaia e Sinop). A equipe de reportagem da Agência Focaia entrou em contato com o CPC e até o momento desta publicação não obteve resposta sobre avaliação do momento para a região do Campus Universitário do Araguaia. No entanto, acessando a página da universidade, é possível ter uma dimensão das medidas elaboradas e propostas pelo comitê. 

 

Etapas de retorno às aulas presenciais

Em um dos documentos do comitê disponibilizados para a comunidade acadêmica o retorno das aulas é previsto para ocorrer de forma gradual e levando em consideração o momento epidemiológico do município sede do campus. No caso do Campus UFMT/CUA há sede em duas cidades, Barra do Garças e Pontal do Araguaia (MT), ligadas por ruas e que, por sua vez, Araguarças (GO) se separa destes munícipios por apenas uma ponte sobre o Rio Araguaia. 

Na metodologia adotada pelo Comitê, portanto, é provável que cada campus tenha seu retorno em momentos diferentes, conforme o andamento da pandemia em cada região sede dos campi. 

O plano de retomada é dividido em cinco fases, sendo a fase 1 ou preta de máxima restrição, sem qualquer atividade presencial, e a fase 5 ou azul a de retorno total das atividades, quando 90% dos grupos definidos como prioritários estiverem completamente imunizados. Já nas fases 2, 3 e 4, o retorno será somente interno, variando a porcentagem de servidos permitidos em cada unidade.

Segundo o documento, são levados em consideração a incidência de casos confirmados, hospitalizações e óbitos; a capacidade do sistema de saúde para atender a demanda de infecção pela Covid-19; e, por fim, a disponibilidade de medidas de prevenção e farmacêuticas comprovadamente eficazes e aprovados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

 

Publicação realizada no final do mês passado do Comitê da UFMT que avalia periodicamente as condições da Covid-19 em cada região dos campi - Imagem: Reprodução.


Na última atualização do dia 30 de junho, os campi Araguaia e Sinop se encontravam na fase preta, de máxima restrição, portanto, sem condições epistemológicas para retorno às aulas presenciais. 

O campus de Cuiabá estaria na fase 2 ou vermelha, sinalizando o início do processo de flexibilização, onde a administração do campus pode permitir o retorno de até 20% dos funcionários da unidade, priorizando assim atividades administrativas, conforme orientação das diretrizes do Comitê de prevenção à Covid-19, da UFMT. 

Como estabelecido pelo comitê, portanto, na universidade já aparecem sinais de retorno ao trabalho administrativo presencial no campus de Cuiabá, como é o caso da Secretaria de Comunicação e Multimeios (Secomm) que, no começo da semana apresentou "Plano de retorno às atividades presenciais."

"Por ser um setor vulnerável à intercorrências envolvendo a imagem da UFMT, a Secomm está se articulando para trabalhar na perspectiva de ter um planejamento consistente e factível com sua realidade e esse documento é prova disso. Conforme tivermos todos os servidores vacinados com as duas doses e de acordo com a fase de retomada de atividades apresentada pelo Comitê da UFMT, teremos o retorno," diz a jornalista e secretária de Comunicação do órgão, Maria Selma Alves.