UFMT recua de atividades presencias nos campi para 2021; ministro anuncia pela segunda vez aulas presenciais para o próximo ano
Pandemia
Thaynara
Fernandes
Neste ano, o ensino e as atividades presenciais realizadas nas Universidades ficaram prejudicadas com a pandemia, causada pelo novo coronavírus. Com o isolamento social, as aulas passaram a ser realizadas remotamente, resultando em esvaziamento dos campi. Quase um ano sem atividades o cenário atual não apresenta alteração, como sinaliza o Comitê de Prevenção à COVID-19 da Universidade Federal do Mato Grosso (CPC-UFMT), que divulgou no mês de novembro documento com diretrizes para possível retorno gradual das atividades presenciais, prevalecendo, no entanto, dúvidas sobre o recuo da pandemia para 2021.
Segundo o conselheiro discente do campus de Cuiabá, Wesley Correia da Mata, ainda não há respostas se haverá o retorno de forma presencial e que depende do posicionamento do Comitê de Prevenção à COVID-19. A UFMT realiza reuniões com a comunidade acadêmica para apresentar diretrizes, sinalizando que, para o primeiro semestre de 2021, não há previsão do retorno das atividades presenciais, mas remotas, com campi fechados para atividades em sala de aula.
“O retorno das aulas de forma presencial ou a continuidade das aulas online dependerá ainda do posicionamento do Consepe [Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão] aprovar, e também ainda não existe uma data de início”, acrescenta o represente discente na instância acadêmica da UFMT.
Na quarta-feira (2),
após o Ministério da Educação (MEC) divulgar portaria que determinava o ensino
presencial nas universidades federais e particulares em janeiro, em
entrevista, o reitor da universidade mato-grossense, Evandro Soares, veio a público informar
que o primeiro semestre do ano letivo vai ser com o ensino remoto.
“Conselho
de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) está encaminhando uma deliberação
sobre início do semestre para fevereiro. O que tem definido é que primeiro semestre
vai ser remoto. O segundo semestre vai depender de fatores epidemiológicos e a
possibilidade de uma vacina ou de um medicamento eficaz para combate ao
Covid-19”, afirma.
Ainda na quarta-feira, após
repercussão negativa das universidades, o MEC recuou e iria revogar a
portaria que determinava o ensino presencial para o próximo mês. Segundo o
ministro, Milton Ribeiro, à época, antes de tomar uma nova decisão, seria feita uma
consulta pública com a comunidade acadêmica.
Segundo o documento divulgado pela universidade mato-grossense, naquele momento, a proposta com as diretrizes elaborada pelo CPC-UFMT teve como base as orientações do Ministério da Saúde, em especial as contidas na Portaria nº 2.789, de 14 de outubro de 2020 e em planos apresentados por outras instituições de ensino superior. A instituição levaria em conta a segurança e a preservação da saúde de todos os membros da comunidade UFMT.
O ministro da Educação, no entanto, não se deu por vencido e anunciou em rede social, nesta segunda-feira (7), a decisão do governo, que restabelece o retorno das aulas presenciais no dia 1º de março do próximo ano, cuja determinação foi publicada no Diário Oficial.
A repercussão logo chegou às universidades federais brasileiras, que até o fechamento desta reportagem não haviam se manifestado oficialmente sobre o assunto.
Ministro da Educação, Milton Ribeiro, diz que volta as aulas
presencias nas universidades deve acontecer em
março - imagem site UOL
Retorno das aulas presenciais em etapas
Com as informações da base e através de cálculo do momento epidemiológico, o comitê de prevenção à covid-19 UFMT, por meio dos pesquisadores na área de epidemiologia, fez uma classificação do momento atual, tornando possível a retomada gradual das atividades se seguidas cinco fases determinantes.
“A medida
que esse momento atual é classificado, existe então uma maior ou menor
flexibilização de atividades prestadas pela UFMT e para que essas fases sejam
atingidas, é necessário que esse momento epidemiológico esteja estabilizado em
pelo menos quatro semanas”, diz a integrante do Comitê de Prevenção à
COVID-19 e docente do curso de Farmácia na UFMT Araguaia, Fernanda Giachini Vitorino,.
As cinco fases, representadas por cores, estão presentes nas diretrizes, descrevendo na fase máxima restrição, sinalizada pela cor preta. Neste período, as atividades devem ser realizadas somente online, sem atividades nos campi.
Na segunda fase, retorno parcial e gradual, evidenciado na cor vermelha, quando inicia o processo de flexibilização com o preparo dos ambientes, implementação e adequação dos protocolos de biossegurança pela administração da Unidade.
Na terceira fase está programada a abertura parcial, sinalizada na cor laranja, com início do processo de abertura dos campi da UFMT, seguindo restrições.
Na quarta fase, chamado de normal controlado, destacada na cor
amarela, retomada de algumas atividades presenciais, seguindo as medidas de
segurança. Por último, na quinta fase está o retorno à normalidade, na cor azul, com atividades
e aulas presenciais em todos os campi da UFMT.
“O comitê diz que 100% presencial
deve acontecer no momento em que tiver a vacina ou o tratamento farmacológico,
é o que a gente chama de fase azul. À medida que os indicadores epidemiológicos
forem melhorando, ou seja, sobra leito de UTI, diminui número de novos casos,
diminui número de óbitos, algumas atividades da universidade começam a ser
flexibilizadas. Na fase preta temos a
máxima restrição e na sequência as demais fases aumentando gradativamente o
grau de flexibilização”, explica Fernanda Giachini.
A UFMT possui quatro campi
(Araguaia, Cuiabá, Sinop e Várzea Grande), com uma realidade distinta, obrigando
cada campus a elaborar seu próprio plano de atividade presencial, seguindo as
diretrizes e orientações indicadas pelo Comitê.
Conforme o documento da CPC-UFMT, “recomenda-se que as propostas de retorno às atividades presenciais sejam apreciadas e aprovadas pelas instâncias colegiadas de cada Unidade, de forma que seja assegurado que as recomendações apresentadas sejam aplicadas”.
Dúvidas sobre o retorno das aulas
Segundo Fernanda Giachini Vitorino, o comitê não tem uma
posição deliberativa sobre o retorno das aulas, “até o momento nós temos uma quantidade de informações que levam aos
membros desse comitê afirmar que o retorno presencial das aulas deveria
acontecer maciçamente apenas após a vacinação ou ainda, após a descoberta de
algum fármaco que conseguisse ser um tratamento eficaz para a covid-19”.
Presidente do
Diretório Central dos Estudantes (DCE) do campus Araguaia, Flávia Giordano, avalia que “no melhor dos cenários, o retorno das aulas aconteceria
após a vacinação em massa contra o novo coronavírus, mas também não sabemos
quando isso vai acontecer e se é viável esperar até esse período”.
“A minha vontade é de que
tenhamos o mais breve possível as condições ideias para voltarmos ao trabalho
presencial, mas não me sinto em condições de dizer se teremos essa situação já
em 2021, mas ao mesmo tempo, condicionar a volta das aulas presenciais a
chegada da vacina pode fazer com que o retorno leve mais tempo do que
imaginamos”, diz o servidor técnico, Neemias Alves.
O distanciamento do aluno com a
universidade, provocado pela pandemia, traz certa aflição para muitos alunos
com relação à demora para conclusão do curso. Flávia Giordano, diz que, caso não houvesse
a pandemia, ela, por exemplo, formaria esse semestre na graduação Jornalismo.
“É uma situação que ninguém gosta
de passar, mas é preciso analisar a situação como um todo. Com certeza esse
período de afastamento terá impacto nos próximos semestres e nas turmas
atingidas, cabe à instituição e suas representações planejarem uma readaptação
da melhor forma possível para que nenhum discente seja prejudicado”, avalia.
O retorno das aulas presenciais, ainda indefinidas, requer muito estudo em torno do assunto, como afirma Neemias Alves, é necessária muita conversa. “Somos muitos e acredito que seja importante nos mantermos bem informados e ouvirmos uns aos outros: alunos, professores e técnicos. Uma aula é uma aglomeração e aqui é que está a singularidade do retorno dessa atividade”.
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Durante a produção desta reportagem, países da Europa já realizam a aplicação das primeiras doses da vacina imunizante do novo coronavírus. O governo brasileiro fez rapidamente anúncio para inicio da vacinação no país no primeiro semestre de 2021, ainda que em meio a crítica de governadores e prefeitos diante da demora do ministério da saúde em apresentar planejamento e compra do medicamento.