A condição epidemiológica do Araguaia é de 'alerta máximo,' diz enfermeira do Comitê de Prevenção Covid-19 da UFMT
Aulas presenciais
Redação
Luara Romão
A Universidade Federal de Mato Grosso desde março de 2020 segue sem aulas presenciais, desde o início das férias docentes em março. O retorno das aulas, então, flexibilizadas, ocorreu depois de muito debate na comunidade acadêmica, cinco meses depois, no dia 10 de agosto do ano passado. O distanciamento social devido a pandemia resultou em medidas das instâncias universitárias para levar alunos e estudantes para a sala de aula, exigindo regulagem de uma engrenagem complexa na estrutura da universidade federal.
Na busca de acompanhar as condições sanitárias nas regiões dos Campi, no sentido de apresentar diretrizes para o gestores acadêmicos, a UFMT constituiu em novembro de 2020 a “Comissão Conjunta para elaboração de plano de retorno as atividades presenciais” após decisão Consepe 30/2020, Consuni 12/2020 e Conjunta 02/2020.
De lá para cá funciona o Comitê de Prevenção da Covid-19, que apresenta estudos da realidade conjuntural da doença no estado, com pesquisas que resultam em diretrizes sobre o número de infecções e condições de atendimento hospitalares de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em cada região, assim, sinalizando a cada período às condições da volta às presenciais na universidade.
Portanto, um possível retorno às aulas presenciais depende, entre outras decisões de avaliação epidemiológica do comitê, que tem como integrante a enfermeira, técnica em enfermagem e técnico administrativo em Educação - ICBS/CUA/UFMT, Renata Rodrigues da Silva, que concedeu entrevista à agência Focaia para esclarecer dúvidas sobre os procedimentos para avaliação de um provável retorno das aulas presenciais nos campi da UFMT.
Como adianta Renata Silva, sobre a pandemia na região do Araguaia, o "Momento Epidemiológico [é] Preto [de] ALERTA MÁXIMO". sinalizando que seria improvável o retorno às aulas presenciais no Campus nestas condições, se depender das diretrizes do Comitê. Porém, preferiu não responder questões referentes às decisões políticas na Universidade mato-grossense, neste sentido.
Uma discussão que ocorre também externamente dentro de uma conjuntura política nacional, envolvendo também parlamentares e o executivo estaduais. A seguir a entrevista.
Agência Focaia - Como foi formado o Comitê?
Renata
Rodrigues da Silva - O
Comitê de Prevenção a COVID-19 da UFMT foi criado pela Reitoria da Universidade
através de Portaria específica em março de 2020, com o objetivo de gerenciar
questões inerentes a assuntos sensíveis à prevenção e proliferação decorrente
do Coronavírus, tendo função consultiva e de orientação nos termos de suas
competências.
Como funciona e quantas pessoas
participam?
O Comitê de Prevenção a COVID-19 da UFMT é
formado por 12 profissionais, docentes e técnicos de múltiplas áreas
enfermagem, medicina, epidemiologia, psicologia, saúde coletiva, direito e
geografia. Toda vez que há necessidade, o Comitê se reúne virtualmente para
deliberação dos assuntos, elaboração de documentos, pareceres e relatórios.
Além disso, semanalmente o Comitê avalia o momento epidemiológico das três
regiões de saúde dos Campi da UFMT (Baixada Cuiabana, Garças Araguaia e Teles
Pires), para classificação da fase segundo as Diretrizes.
Como é realizado esse trabalho de
análise nessas regiões dos Campi?
A classificação de cada região considera os
indicadores epidemiológicos e a capacidade do sistema de saúde de cada Região
de Saúde, tendo como base as informações fornecidas pela Secretaria do Estado
de Saúde de Mato Grosso, por meio do painel COVID-19, atualizado diariamente.
Temos dois critérios para a classificação, o primeiro sobre a capacidade do
sistema de saúde, contendo os indicadores: ocupação dos leitos de UTI (proporção
de leitos ocupados), leitos de UTI por 100 mil habitantes. O segundo critério é
sobre a evolução epidemiológica, avaliando o número de casos, número de
internações e número de óbitos a partir do quociente da divisão, entre o número
de novos casos, internações e óbitos por COVID-19 nos últimos 14 dias e pelo
número dos 14 dias anteriores. Se esse quociente for maior que um, significa que
está em aumento, menor que um diminuição e um estabilidade.
Qual a situação apontada pelo Comitê
para a região do Araguaia, neste momento?
A
região Garças Araguaia possui 9 leitos de UTI pública para 126.982 habitantes
residentes nos 10 municípios que atende. Isso significa uma relação de 7,5
leitos por 100 mil habitantes, na melhor classificação para esse indicador
específico segundo as Diretrizes, pois está acima de 5. A região da Baixada
Cuiabana possui 36,7 leitos e Teles Pires 15,8 leitos para cada 100 mil
habitantes. Ao final da última semana Epidemiológica (20ª semana epidemiológica
concluída dia 22 de maio), a região Garças Araguaia estava com todos os seus 9
leitos de UTI ocupados, a relação de casos novos dos últimos 14 dias em relação
aos 14 dias anteriores era de 1,1 (ou seja, aumento) e de internação essa
relação era de 1,05.
É importante ressaltar que é um reflexo
natural do aumento de casos e óbitos, após aproximadamente duas semanas termos o
aumento do número de óbitos, o que pode ser observado na semana epidemiológica
que encerrou dia 29 de maio. Dados do Painel COVID-19 do Estado, mostra que só
nesta semana epidemiológica que se encerrou no sábado, foram registrados para a
região, mais que o dobro do número de óbitos que a semana anterior. Esse valor
representa o segundo pico visto para o ano de 2021.
Portanto, a situação de Covid no Araguaia, neste momento é crítico?
Momento
Epidemiológico Preto ALERTA MÁXIMO.
Há preocupação para uma terceira onda? O que então prejudica um provável retorno às aulas presenciais?
Todas
as ondas e cepas preocupam muito e podem sim influenciar negativamente os
planos de retomada das atividades presenciais, porém há que se usar este tempo
para programar, planejar para esse retorno que deverá ser de forma gradual e
com o máximo de cuidado para que se gere o mínimo de riscos à saúde de todos os
sujeitos envolvidos no processo.