Ensino de jornalismo: Escolas de jornalismo devem enfatizar a prática e o ensino de linguagem de programação, afirmam experts em série do NiemanLab


O Nieman Journalism Lab começou o novo ano letivo nos Estados Unidos com uma séries de artigos provocadores por acadêmicos e profissionais sobre como as escolas de jornalismo podem cumprir melhor sua missão de formar futuros jornalistas, conselhos que incluiram o aprendizado pela prática a adotação da linguagem de programação.
No texto mais recente da série, Steve Buttry, editor de transformação digital do Digital First Media e doJournal Register Co., perguntou, em 19 de setembro, por que os meios de comunicação universitários administrados por estudantes não utilizam primeiramente os meios digitais e depois os impressos, considerando que os próprios estudantes mantêm-se informados por meio de tecnologias digitais e não pela mídia tradicional.
Embora Buttry tenha citado exemplos como o site de notícias da Universidade Cristã do Texas TCU360como um passo rumo a uma estratégia que coloca o digital em primeiro lugar, ele disse que estudantes de mídia enfrentam uma escolha: "Cair na irrelevância de forma até mais rápida que a mídia profissional que fracassa em adaptar, ou entrar de cabeça no futuro digital e ajudar aos meios de comunicação a encontrar o caminho certo".
Jeff Jarvis, professor associado e diretor do Centro Tow-Knight para Jornalismo Empreendedor na Escola de Graduação em Jornalismo da City University de Nova York, defendeu uma variedade de ferramentas educativas e métodos para ajudar estudantes com graus diferentes de habilidades e interesse em tecnologias digitais. Ele também defendeu o modelo "hospital universitários", bem como a necessidade de reforçar o estudo do jornalismo, incluindo o encorajamento para que os estudantes "abraçem as rupturas e encontrem oportunidades nelas".
O instrutor da Universidade da Flórida Mindy McAdams instou professores de jornalismo a instilar em seus estudantes a noção de que o aprendizado nunca acaba, e que isso inclui superar a intimidação causada pela linguagem de programação.
Habilidades multimídia e programação são o que a CNN busca em novas contratações, independentemente de o interessado vir ou não de uma escola de jornalismo, disse Meredith Artley em seu artigo para o Nieman. Mas o vice-presidente e editor executivo da CNN Digital disse que, além do conjunto de habilidades necessárias, a CNN busca pessoas questionadoras e que possam até se especializar em assuntos como religião, saúde, ciência ou educação.
Ecoando o chamado por mais aprendizado prático, Leonard Downie Jr. instou os programas de jornalismo a tornar seus estudantes mais envolvidos na cobertura de temas locais, enquanto universidades devem contratar e manter profissionais da imprensa para complementar os professores acadêmicos na equipe. "Acho que escolas de jornalismo têm a oportunidade e obrigação de desempenhar papéis importantes na reconstrução do jornalismo norte-americano", disse o ex-editor doWashington Post e professor da Universidade do Estado do Arizona. "Mas, ao desempenhar esse papel, suas missões e currículos devem mudar".
Estimular estudantes a aprender fora das salas de aula também é uma prática defendida por Geneva Overholser, diretora da Escola de Jornalismo Annenberg da Universidade do Sul da Califórnia. Mas Overholser também instou os programas de jornalismo a estender seus braços até suas comunidades por meio do compartilhamento de recursos com escolas e grupos locais.
A série de artigos do Nieman Lab também inclui o chamado de Eric Newton para que as universidades adotem o modelo de "hospital universitário". O conselheiro sênior do presidente na Fundação Knight disse que educadores e jornalistas estão vivendo numa era de "mudança contínua" e que as "universidades devem querer destruir e recriar a si mesmas para ser parte do futuro das notícias".
Com um tom bem-humorado, Brian Boyer oferece um curso que, segundo ele, futuros jornalistas devem realizar, Jornalismo Hacker 101, para estabelecer uma base sólida a partir da qual a redação adote a linguagem de programação. O chefe da equipe de novas tecnologias da Rádio Pública Nacional oferece uma extensa lista de leitura valiosa para qualquer redação ou sala de aula.
Forçar aspirantes a jornalistas a serem proficientes em todas as ferramentas digitais que existem talvez não seja tão produtivo, sugere Bill Grueskin, reitor de assuntos acadêmicos na Escola de Jornalismo da Universidade Columbia. Grueskin afirma que cada vez mais empregadores dizem à sua universidade quererem graduados "que entendem o valor da reportagem, do julgamento de pautas e da escrita. Eles muitas vezes dizem que querem estudantes capazes de demonstrar proficiência em uma ou duas habilidades digitais específicas. Ter habilidades adicionais é um extra, mas sem uma base forte, não alcançam posições mais altas".
No lançamento da série de artigos, em 5 de setembro, Miranda Mulligan convidou jornalistas e estudantes a aprender mais sobre programação para melhorar sua capacidade narrativa. "Entender nosso meio nos torna melhores narradores", disse a ex-diretora de design digital do jornal Boston Globe. "Para uma indústria que se orgulha de ser inteligente, tolerar ignorância em relação à internet é simplesmente idiota."
Mulligan, diretor executivo do Laboratório de Inovação de Notícias Knight em Northwestern, instou professores de jornalismo a ajudar os estudantes a superar seu medo de aprender a programar, acrescentando que ser mente-aberta aumentará suas chances de conseguir um emprego.

Via Jornalismo nas Américas.