Revista feminina Cosmopolitan publica, pela primeira vez, um guia de posições sexuais para lésbicas

Via Ninja
Aqui no Brasil, a revista se chama “NOVA”, mas ela faz parte de uma franquia mundial, digamos assim, chamada “Cosmopolitan”. Aposte aí com suas amigas e amigos: qual é a primeira coisa que vem à cabeça quando mencionamos o título? Sexo, pênis, sexo oral, conquista e 99 formas de chegar ao orgasmo aparecerão rapidamente na conversa.
Matéria de Anna Carolina Lementy para Colherada Cultural.
A “Cosmopolitan” (“NOVA” no Brasil) lançou um guia sexual para lésbicas/ Foto: Reprodução
A “Cosmopolitan” (“NOVA” no Brasil) lançou um guia sexual para lésbicas/ Foto: Reprodução
A “NOVA” é a revista brasileira popular que mais claramente fala sobre sexo, inclusive na capa, e sobre o que julga ser a posição da mulher no sexo: a da que precisa agradar, segurar “seu” homem. No trabalho, é outra coisa. A “mulher de NOVA” é independente, tem o próprio dinheiro e uma carreira. É na cama que as coisas ficam ruins para o nosso lado, mas nem sempre.
Muitas vezes, as pautas versam sobre como ter prazer, descobrir o próprio corpo, dar, apenas dar, para quem quer que seja, sem pensar em casamento, conto de fadas. Nada mais do que se divertir na cama, que é direito de todas e ninguém tem nada com isso. Às vezes, há guias sobre como se comportar e não “errar”. Um problema, claro, porque a mulher realmente livre não se preocupa com manuais, apenas segue o próprio desejo. Ela não é objeto de outro, que faz as leis. É como oChristian Grey e a Anastasia Steele, só que justamente ao contrário.
Escrevo isso não só como eventual leitora (a revista fez parte da minha formação sexual — cresci num lar repressor e descobri muitas coisas lendo “NOVA”, “Sabrina”, “Capricho” e “Atrevida” — ui!), mas também como ex-colaboradora. Já escrevi muito para “NOVA”. Certamente, algumas pautas machistas. E outras feministas. Hoje em dia, tenho muito mais clareza sobre esses dois mundos tão diferentes e não sei se eles podem conviver.
Mas o fato é que a “Cosmopolitan” parece estar pensando sobre essas questões também. Ainda não há um sinal claro de que as pautas machistas estejam chegando ao fim, mas a revista parou de ignorar que existem mulheres que não pensam em homens e seus pênis. Elas gostam de mulheres e vaginas. O site da revista publicou, pela primeira vez, um guia sexual com 28 posições para “lésbicas, bissexuais, pansexuais — todas as mulheres que amam mulheres na multidão”.
Se você nunca folheou uma “Cosmo” ou uma “NOVA”, provavelmente não sabe que as publicações sempre trazem guia de posições sexuais no maior clima kama sutra, mas temáticos. Coisas como “sexo na piscina”, “no chuveiro” e em muitos outros lugares e contextos.
Os nomes das posições continuam cheios de trocadilhos como sempre, e isso jamais deverá mudar. Há coisas cafoníssimas e hilárias como “a ponte para a cidade do prazer”, “o salão de cabeleireiro quente” (quêeeee?), “o triângulo das bermudas”  e “tête-à-tête tântrico” (por favor, né?). Porém, é um avanço pensar que o sexo é democrático, vai além da relação homem e mulher, com o homem geralmente dominando.
Pode ser uma “jogada de marketing”, como dizem muito hoje em dia. Se for, tudo bem, vivemos num mundo capitalista e os sites atraem mais leitoras e leitores do que as revistas, então é justo que usem a plataforma para testar novidades. Se não for, tanto melhor. Quanto mais pluralidade, mais tolerância e mais nitidez para enxergar o mundo como ele é. Será que a “NOVA” vai inovar aqui no Brasil?