O azul turquesa de setembro se revela como a cor de conquistas da Comunidade Surda, que convive com desafios

Educação

 

Agência Focaia

Reportagem

Izadora Viana

                 

O mês de setembro é lembrado pela população do país como o período em que se há datas significativas e um período de cores. Além do amarelo, símbolo   de mobilização à prevenção contra o suicídio, se destaca no país, durantes os 30 dias, a cor azul, que é uma representação da comunidade Surda. O azul turquesa faz alusão ao tempo de reflexão e comemoração de conquistas históricas da comunidade. No entanto, como reconhece seus representantes há problemas que persistem e exigem solução.

No mês de setembro entre as comemorações neste período se destaca 

a cor azul, como forma de reconhecimento das conquistas da comunidade 

Surda – imagem: reprodução

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 500 milhões de surdos no mundo. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, o Brasil tinha cerca de 10 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva, equivalendo a 5% da população brasileira, desses, 2,7 milhões são surdos profundos, ou seja, não escutam nada.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida, assim como o português, como língua oficial do Brasil, um dos idiomas brasileiros, por meio do Decreto 5.626, em vigor desde 22 de dezembro de 2005. O decreto regulamenta a inclusão da Libras como disciplina curricular. A formação de professor, instrutor e tradutor de Libras. Direito à educação e saúde das pessoas surdas ou com deficiência auditiva.

Língua oficial brasileira

A Língua Brasileira de Sinais, conforme o site, surgiu a partir do Instituto dos Surdos-Mudos, fundado em 1857 como primeira escola para surdos no Brasil, que, atualmente, se transformou no Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES).

Enquanto a língua portuguesa é oral-auditiva, a Libras é reconhecida como uma língua de modalidade gestual-visual, estando relacionada a movimentos manuais e expressões faciais com organização própria e estruturas frasais flexíveis.

Libras ganha destaca apenas no Brasil, não é de uso universal, à semelhança brasileira. Cada país possui a sua própria língua, assim como cada povo desenvolveu o seu idioma oral.  As comunidades mundiais, diferentemente, criaram sua língua de sinais.

Apesar de a língua de sinais no Brasil ganhar espaço na educação, ainda não se tornou uma prática da população, o que dificulta a comunicação interpessoais, como avalia a professora Luciane Ana de Oliveira que desenvolve trabalho na UFMT em Libras.  

“Ensinar Libras em primeiro lugar é muito gratificante e também de muita responsabilidade, sabendo que ensinar uma língua, que é a segunda mais falada no Brasil, e que porém é de uma viabilidade muito pouca, de um conhecimento muito pouco da parte da comunidade de ouvintes, é um dos principais fatores de dificuldade que a gente tem”.

De acordo com Oliveira, que, em parcerias com outros docentes, busca a Divulgação e Ensino da Libras (DEL) em Barra do Garças (MT), “as pessoas acham que um cursinho básico da internet ou de qualquer forma aprendendo dois ou três meses vai conseguir adquirir fluência, e isso é um mito, não vai.” Ela acrescenta que as dificuldades que encontra diz respeito a falta de consciência das pessoas.

A Língua de Sinais, no entanto, vem ganhado visibilidade no país, ampliando o conhecimento sobre a comunidade surda, como conta Oliveira. “As pessoas estão começando a se atentar que a Libras é uma língua, e é uma forma de comunicação com a comunidade surda, com o sujeito surdo, que é de direito do surdo e que é de um dever nosso como cidadão aprender”.


Algumas datas que se destacam em setembro para a comunidade surda.

- Dias 6 e 11: Marco triste para esta comunidade. Lembrança do Congresso de Milão (1880) no qual foi proibido o uso das Línguas de Sinais na Educação dos Surdos.

- Dia 10: Dia Mundial da Língua de Sinais. Uma data que visa promover respeito e a valorização da Língua de Sinais nos mais diversos países.

- Dia 23: Dia Internacional das Línguas de Sinais. A data celebra o respeito, a promoção do conhecimento e o uso das Línguas de Sinais.

- Dia 26: Dia Nacional do Surdo (Lei Nº 11.796 de 29 de outubro de 2008). Nesta data, em 1857, foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil pelo prof. francês surdo Eduard Huet, o atual INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos, que fica no Rio de Janeiro.  A data foi então escolhida para homenagear a Comunidade Surda no território brasileiro e oficializada através do decreto de lei nº 11.796, em 29 de outubro de 2008.

- Dia 30: Dia internacional do Surdo. Dia do Profissional Tradutor.

 

Setembro azul

A cor azul possui uma simbologia vinda da Segunda Guerra Mundial (1945), quando durante a tentativa dos nazistas de purificarem o mundo, eles exterminaram em massa aqueles considerados “inferiores”, ou seja, todas as pessoas com deficiência, incluindo a população surda, que eram identificadas através de uma fita azul no braço, conforme descreve o site.

Essas pessoas eram levadas a instituições criadas na Alemanha e Áustria, onde eram executadas. O programa responsável pelo o extermínio dessas pessoas era chamado de T-4 ou Eutanásia, nele, cerca de 20.000 pessoas deficientes entre os anos de 1940 e 1945 foram mortas de formas cruéis.

Muitos anos mais tarde, em 1999, a fita azul voltou a ser usada pela comunidade surda, agora como símbolo de resistência e orgulho de pertencer a uma população com uma história forte.

No XIII Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos, sediado na Austrália, a Cerimônia da Fita Azul durante a cerimônia foi uma lembrança e uma homenagem aos surdos vítimas de opressão e a primeira vez que foi utilizada com orgulho.

A cor escolhida pela comunidade surda para sua representação foi a Azul Turquesa, por ser uma cor “viva” e que melhor representa o ser Surdo.