Após polêmica, Colégio Eleitoral oficializa resulta da consulta à comunidade acadêmica para reitor e vice da UFMT

Política

 

Agência Focaia

Redação

Júlia Viana

Izadora Viana

 

O Colégio Eleitoral Especial da Universidade Federal do Mato Grosso se reuniu nesta terça-feira (11), com transmissão pública pela internet para composição, pelo voto dos conselheiros, da lista tríplice com nomes para reitor da UFMT, a ser enviada para o Ministério da Educação (MEC). O presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido) deverá, no mês de outubro, indicar o novo gestor e seu vice para a administração da universidade mato-grossense para os próximos quatro anos. 

 
Em 2016 a professora de nutrição, Myrian Serra, venceu às eleições para reitoria da UFMT, 
não encerrou o mandato, assumindo Evando Silva, o qual está em primeiro lugar na lista 
tríplice para reitor, que será submetida à escolha presidencial em outubro – imagem: 
arquivo Focaia

 

O colégio eleitoral realizou reunião tensa no processo de votação entre os conselheiros, com discussões paralelas entre grupos organizados em torno dos candidatos. No entanto, ao final das atividades, o resultado da votação confirmou a consulta realizada internamente, nos campi, com participação de docentes, servidores técnicos e estudantes.

O atual reitor, Evandro Silva assumiu o primeiro lugar oficialmente da lista, acompanhado pelos concorrentes, Danieli Backers, Alexandre Machado, em segundo e terceiro lugar respectivamente. 

A ordem dos postulantes a vice-reitor seguiu ao resultado da consulta pública, que concorreu com chapa formada. O colégio eleitoral confirmou Rosaline Lunardi com destaque na lista, seguida por Sandra Negri e Elifas Gonçalves.

Eleições que ocorreram em meio a questionamentos da comunidade acadêmica, diante da proposta de realização de consulta em tempo reduzido para campanha, com apresentação de proposta online, e voto não paritário, com maior peso para os docentes.

 

 

A Lista Tríplice após votação na reunião do Colégio Eleitoral Especial para reitor e vice da UFMT, que assumem a administração da universidade de Mato Grosso entre os anos de 2020 e 2024.

·         Cargo de reitor

·         Alexandre Machado – 3 votos

·         Daniele Backers – 12 votos

·         Evandro Silva – 75 votos

·         Branco – 0 votos

·         Nulo – 10 votos

 

·         Cargo Vice

·         Elifas Gonçalves – 3 votos

·         Rosaline Lunardi – 71 votos

·         Sandra Negri – 16 votos

·         Branco – 0 votos

·         Nulo – 10 votos

 

 

Com a lista tríplice para reitor definida, resta ainda a dúvida da comunidade acadêmica da UFMT sobre a indicação do presidente Jair Bolsonaro. Manterá o resultado da consulta, como fez o colégio eleitoral especial, ou decidirá por relações políticas ou ideológicas, como questionam o governo federal nestas decisões de escolha de novos gestores dos órgãos públicos, como foi o caso do Procurador-geral da República?

No ano passado, Augusto Aras, que não integrou a lista tríplice de nomes sugeridos pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), foi o escolhida para a PGR pela Presidência da República.

De acordo com o conselheiro discente do campus de Cuiabá Wesley Correia da Mata, o atual reitor Evandro Silva, deverá conseguir a indicação do presidente e obter no congresso o apoio da bancada federal para “ser nomeado, conforme foi a decisão obtida pela comunidade acadêmica”. 

Ele avalia que os outros nomes da lista tríplice revelaram “proximidade maior com o antigo ministro da educação Abraham Weintraunb”, gerando dúvida quanto às suas propostas de gestão na direção da UFMT.

O conselheiro discente do campus Araguaia, Gustavo Cardinal, considera o cenário político, envolvendo as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), duvidoso, com redução de recursos e pouco investimento na educação, “podendo esperar qualquer coisa da política atual do país.” Ele acrescenta que está confiante “de que o desejo da comunidade universitária e do colégio eleitoral especial será atendido.”

O candidato a vice Elifas, durante a reunião do colégio eleitoral, afirmou que não tinha expectativa de que os 11% dos membros do colégio eleitoral votasse nele, entendendo a postura da oposição, mas destacou ser necessário que os 89% considerassem o melhor plano de trabalho, avalia.

“Eu representando a faculdade de administração, denunciei o absurdo que era aumentar o Restaurante Universitário (RU) em 400%, de 1 para 5 reais, absurdo, criminoso”, exclamou ele, que lamentando à falta de reconhecimento.

Sandra Negri, no processo de votação, lembrou o simbolismo da data e afirmou que “Decidir o futuro da universidade no dia dos estudantes é algo histórico para mim”.

Ela reiterou a importância da universidade e destacou o “firme propósito de defender a universidade pública, autônoma e de qualidade, que possa interagir com a sociedade, de forma firme e intelectualizada, com os dois pés no chão e as duas mãos nas nuvens, porque nós temos que olhar para o futuro. É para o futuro que nós temos que trabalhar a nossa UFMT,” exalta.

 

Homenagens

Após a escolha dos nomes que compõem a lista tríplice, em ambiente menos tenso, os conselheiros do Colégio Eleitoral renderam homenagens às autoridades que faleceram nos dias que antecederam à reunião, alguns deles em decorrência de complicações pela covid-19.

O presidente, Luiz Alberto Esteves Scaloppe, prestou homenagem, à estudante egressa em Medicina pela UFMT, Monique Silva Batista, que faleceu aos 29 anos por complicações do novo coronavírus.

Conselheiros renderam também homenagem ao cacique Aritana Yawalapiti, 71 anos, um dos principais líderes indígenas do Alto Xingu, que morreu na semana anterior à reunião, também vítima de covid-19, depois de duas semanas internado em um hospital de Goiânia.

O bispo católico Dom Pedro Casaldáliga recebeu homenagens. O religioso faleceu no sábado (8), devido problemas respiratórios agravados pelo Mal de Parkinson, sendo velado em São Félix do Araguaia, cidade onde residia.

O artista plástico falecido, Adir Sodré, também foi lembrado pelos conselheiros. Considerado um dos mais renomados nomes do estado de Mato Grosso.