por Aparecido Roberto da Silva
Ele
não era garimpeiro, mas encontrou o maior pedra de todos os tempos na
região.Detalhes da vida de um homem que os diamantes perseguiram até torná-lo
rico e conhecido na história.
Dentre tantas historias, lendas,
contos que já conhecemos a respeito de Barra do Garças, seus pioneiros e
colonizadores, enfim, muito já se ouviu sobre esse lugar e é praticamente
impossível escrever sobre algo ou alguém que ninguém conheça de fato.
A vida de Joaquim do Guardiato, um
homem que nunca foi garimpeiro mas que aprouve as leis espirituais que
desconhecemos ter sua história confundida com os primórdios da colonização da
cidade bem como dos garimpeiros da região.
Os diamantes que atraiam garimpeiros
de todas as partes do país, não atraíram esse homem, na verdade foram ao
encontro dele para torná-lo rico e escrever seu nome entre os grandes Antônio
Cristino Cortes e Francisco Dourado, figuras conhecidas e imprescindíveis para
o progresso desse paraíso.
Segundo Jonir de Oliveira, ex-prefeito de Barra do Garças, ex-secretário de administração e
planejamento e filho do perseguido pelas pedras preciosas, Joaquim
era amigo pessoal de Antônio Cristino Cortes. Mas não foi isso que o tornou
rico e conhecido. Por ironia do destino essa amizade viria acontecer anos após
as duas experiências que marcariam sua vida. A perseguição dos diamantes.
Tudo começa por volta e 1920, quando
a família Guardiato sai em busca de uma vida melhor, viajando por seis meses.
Saindo da cidade de Pedro Afonso no Araguaia, navegando pelas águas do rio
Tocantins, até chegar, primeiro na cidade de Araguaiana, da qual Barra era
distrito, até chegar na famosa Barra Cuiabana, parando as suas embarcações
por volta de 4 horas da tarde de 26 de agosto de 1925.
Terra que começara a prosperar e
os rumores de que o solo era fértil os atraiu. O desenvolvimento era iminente e
o anseio por ter o seu próprio pedaço de chão, cultivar a terra os trouxe para
o paraíso das águas. Aqui, ao lado de seu pai, suas 3 irmãs e seus 2 irmãos, passou a cultivar a terra e ter as suas primeiras aventuras nas festas que
pairavam por essa região na época.
Joaquim tinha 14 anos de idade
quando chegou na região. Pouco tempo após ajudar o pai em uma plantação de
cana às margens da BR 070, na época baixada do Civino, saída para Cuiabá, ele
tem uma oportunidade que faz a sua vida mudar. Ele vai a uma praia que
atualmente chamam de Quarto Crescente, ali encontra um garimpeiro que
trabalhara havia uma semana, sem sucesso.
Oferece ao perseguido para lavar
as pedras, pois ele já estava cansado de lutar e não encontrar nada. Mesmo sem
conhecer nada sobre garimpo, a não ser aquilo que os outros o ensinavam, naquele
momento ele aceita o desafio. É aqui que o diamante o encontra pela primeira
vez. A maior pedra de diamante da história já encontrada na região, pelo
menos que se tivesse notícia até os dias de hoje.
Uma pedra valiosa de 18 quilates,
isso equivale a mais ou menos uma pedra de 3 gramas e meia, já que a cada 5
quilates equivale a 1 grama.A pedra foi vendida a Pedro de Matos, que era um
capangueiro, exportador no ano de 1930. Pronto, Joaquim passa a ser um dos
mais ricos da região. Na época para festejar comprou uma arma e fez muitas
festas para os amigos, como já era de costume e uma espécie de ritual entre os
garimpeiros. Mas ele não se manteve rico.
A riqueza sucumbiu e ele voltou a
ser um lavrador ao lado do pai, que possuía um pequeno alambique. Mas isso não o
abateu. Segundo seu filho Jonir, ele foi em busca de melhores condições na cidade
de Guiratinga, Mato Grosso, a 322 km da capital Cuiabá.
O que Guardiato não contava é que
os diamantes o perseguissem mais uma vez. Naquele local foi trabalhar para seu
tio,que cuidava de suínos. Joaquim passa então a construir pequenos chiqueiros
ou cercados para esses animais. Para fazer isso, era necessário escavar. E foi
em uma dessas escavações que ele encontra um cascalho muito parecido com o que
lavara na praia na primeira oportunidade.
Percebendo que aquela podia ser a
sua última oportunidade, passa a olhar com carinho para aquelas pedras, pois
poderia ser que as pedras preciosas tivessem vindo ao seu
encontro. E foi exatamente o que aconteceu: ele começou a
encontrar naquele pedregulho embaixo da terra a segunda e talvez última
oportunidade que as pedras lhe ofereceram. A possibilidade de torná-lo mais
uma vez um homem rico e com possibilidades.
Ele passa a encher uma garrafa de
diamantes em segredo e depois negocia com seu tio a venda. Houve um principio
de desconfiança por parte de seu parente, que a principio pensara que o sobrinho
o estivesse enganando. Entraram em acordo. Como Guardiato encontrou os diamantes
na terra do tio, ele já teria direito a metade. A
outra metade ficaria com Joaquim. Mesmo perdendo a
metade, isso o tornou rico.
E foi a última vez que ele
garimpou. Entendera que os diamantes o haviam perseguido por generosidade e
que Deus havia lhe dado a oportunidade que buscara quando enfrentou os seis
meses de viagem. Rico novamente, volta à região do Araguaia, adquire propriedade,
casa–se e tem filhos. A partir daí passa a viver do lucro de suas
propriedades e aprende um novo ofício através da Fundação Brasil Central.
Aprende com seu amigo Tito Luiz, que
era engenheiro, a construir pontes de madeira.
Foi assim que o perseguido pelas
pedras preciosas passa a viver, participando de um grande empreendimento
realizado pela Brasil Central, que foi a construção das pontes sobre os rios
Garças e Araguaia. Seu filho Jonir de oliveira enfatiza em dizer que foi um
dos melhores momentos da vida de seu pai, que viu nesse ofício a maioria de
suas conquistas e alegrias que mais gostava de lembrar.
De fé católica Jonir de Oliveira
lembra que seu Pai tinha devoção a Santo Antônio e participava ativamente das
procissões festas e celebrações do dia 13 de junho que é uma das datas mais
comemoradas até os dias de hoje. Em uma da ultimas vezes já debilitado por
causa da saúde o filho lembra-se de ter apoiado o pai na janela para que ele
pudesse ver a procissão passar. O perseguido pelos diamantes e o amigo de
Antonio Cristino Cortes por quem era muito estimado.
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Aluno do oitavo período do curso de jornalismo da
Universidade Federal de Mato Grosso, Aparecido Roberto da Silva, além de "Foca
do Araguaia", é repórter de TV em Barra do Garças. No próximo dia 20, às
10h, ele defende, no Campus II, monografia intitulada "O telejornalismo de Barra do
Garças-MT - interações entre os profissionais de imprensa e policiais e suas
repercussões nas notícias". Participam da banca o orientador,
professor Dr. Hidelberto de Sousa Ribeiro, e os professores Mestres Gilson Costa
e Alfredo Costa.