Resenha Crítica: "A Rede Social"

Aos 18, ele disse não à Microsoft. Aos 20, largou Harvard. E aos 23, se tornava o bilionário mais jovem do mundo


Ele queria ser popular, reconhecido e segundo conta a ficção, reconquistar a namorada. Acabou entrando para um dos clubes mais seletos do mundo. Em um universo onde as fraternidades imperam, imagine um local onde toda sua vida universitária estará disponível online? Do seu quarto em Harvard e com apenas um notebook nas mãos, o então estudante de Ciências da Computação Mark Zuckerberg (na interpretação magistral de Jesse Eisenberg), dava início a uma revolução.

Dirigido por David Fincher (de “Clube da Luta” e “Seven – Os Sete Crimes Capitais”) e baseado no livro “Bilionários por Acaso”, de Bem Mezrich, “A Rede Social” é um filme atual, inteligente e divertido que reproduz com diálogos rápidos (de Zuckerberg) a urgência desta geração, o fenômeno das redes sociais e a forma como nos relacionamos nos tempos da web 2.0. Passado, presente e futuro se misturam na fita, apresentada quase toda em flashback.

A história começa em 2003, quando uma brincadeira publicada por Zuck no site The Face Match atinge o surpreendente tráfego de 22 mil acessos derrubando a rede de Harvard. Algumas horas depois, ele é convocado pelo Conselho da Universidade para responder, entre outros, por violação de segurança. Seis anos mais tarde, a ideia se expande para virar um negócio de proporções ainda mais gigantescas: 500 milhões de usuários adicionados ao redor do globo.

Assim que a notícia se espalha pelo campus, ele recebe o convite dos gêmeos Winklevoss para programar uma rede social, exclusiva da universidade, a Harvard Connection. Mas, ao descumprir o trato, ele vai atrás do colega brasileiro e estudante de Economia Eduardo Saverin para conseguir um patrocínio. Só então, Zuckerberg mergulha de vez no que seria The Facebook (FB). Com o projeto em ebulição, crescem as batalhas judiciais pela autoria do site e questões como direitos autorais e invasão de privacidade.

Da esquerda para a direita: Zuck, Parker e Saverin

Notícia recorrente nos jornais, o jovem criador ganha status de celebridade. Em pouco tempo de existência, a frase mais dita nos arredores de Harvard passa a ser: Me adicione. Só no primero dia, o Facebook soma mais de 650 alunos cadastrados. Seria ele o novo Bill Gates? O papa da Microsoft, aliás, faz uma ponta no longa. Outro momento histórico no filme é Sean Parker (vivido por Justin Timberlake), criador do Napster (programa de download de músicas tirado do ar pela justiça americana).

Pela admiração explícita, Parker vira logo o conselheiro de Zuckerberg e, em 2004, o presidente do Facebook. Vem de Parker, por sinal, a frase de que a privacidade seria coisa do passado. Também é pela interferência dele que o cofundador Saverin foi perdendo espaço. E mesmo não aparecendo no filme, vale destacar que Saverin chegou a ser processado por Zuck. Atualmente o paulista, de 28 anos, detém 5% dos gastos da empresa, enquanto Parker recebe 7%.

Sem um posicionamento definido, a trama parece depor contra o criador ao mostrar o seu lado mais humano, ou pior, sua predileção pela máquina. Mas, o fato é que mesmo sem a colaboração de Zuckerberg, hoje com 26 anos, não há como negar que o filme dialoga para esta geração. Seja você usuário ou não da rede social: este é um caminho sem volta!

Por Simone Magalhães, do blog Portal80, em 03/02/2010