Apesar da campanha Novembro Azul, saúde masculina enfrenta tabus e aumento do número de câncer de próstata no Brasil

 

Saúde

Francisco Lucidio 


Imagem reprodução.



A campanha Novembro Azul chega ao final no próximo domingo, e, se tornou em quase duas décadas, movimento de destaque no Brasil ao oferecer esclarecimentos sobre os cuidados com a saúde masculina, dando ênfase à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. Assunto que ainda é um tabu, apesar de a doença ser comum entre homens, com um crescimento no país de 21% no número de mortes nos últimos 10 anos.

 

A próstata é uma glândula que só existe no homem com função exclusivamente reprodutiva, na liberação de secreções que compõem o esperma. No estágio de câncer, a próstata forma tumores que podem provocar sintomas, como presença de sangue na urina ou no sêmen, dificuldade o ato de urinar ou aumento da frequência urinária. 

 

Em 2024 o número de mortes no ano por câncer de próstata no Brasil chegou a 17.587, conforme levantamento do Instituto Nacional de Câncer. Para 2025, o INCA estima 71.730 novos casos, o que reforça a necessidade urgente da conscientização da população masculina quanto à doença.

 

“O câncer de próstata é silencioso e não apresenta sintomas na fase inicial. Muitos pacientes só descobrem a doença em estágios avançados, quando as chances de cura diminuem drasticamente,” diz Dr. Luiz Otávio Torres, presidente da sociedade brasileira de urologia para o site Portal da Urologia.

 

O professor da Universidade Federal do Mato Grosso campus Araguaia e especialista em saúde pública, Elias Marcelino da Rocha, conta que “as principais doenças que atingem o público masculino, em primeiro lugar é o câncer de pele, em segundo lugar é o câncer de próstata”. Destaca que em algumas regiões do Brasil o câncer de pênis é uma questão alarmante, que ocorre principalmente por falta de conhecimento por parte dos homens e falta de higiene. 


 

Professor da UFMT Araguaia (centro), Elias Marcelino, em atividade durante campanha Novembro Azul em empresa de energia de Mato Grosso - imagem reprodução.



Cuidados com a alimentação


Rocha salienta que não existe uma prevenção específica para o câncer de próstata. “Entre os fatores de prevenção está o consumo de frutas, verduras e legumes que têm a cor vermelha. O tomate, por exemplo, tem uma substância que pode ajudar a reduzir [os riscos de câncer de próstata]. Da mesma forma a melancia, o morango e outros produtos de cor vermelha, porque eles têm uma substância que ajuda”.

 

O licopeno, um antioxidante que está presente em frutas e vegetais e que salienta a coloração vermelha, encontrado no tomate que é fonte mais conhecida, é visto como um dos compostos que ajudam a defender o organismo contra o câncer de próstata. O professor também deixa claro que não é possível mensurar até quanto deveria ser consumido esses produtos, além do que muitos deles podem estar inclusive contaminados com agrotóxicos.

 

Prevenção

 

Os exames preventivos podem ser realizados a partir dos 40 anos, para homens com histórico de câncer de próstata na família, e aos 50 anos se não houver relatos familiares. Os principais exames são de PSA (Antígeno Prostático Específico), o toque retal e a biópsia da próstata. A prevenção do câncer de próstata quando ela é feita na data correta e com um diagnóstico precoce tem uma probabilidade maior de ter um tratamento eficaz, alerta o professor.  

 

Existem fatores que ampliam as probabilidades de câncer de próstata que não só a idade. De acordo com o docente “homens que já têm histórico de câncer de próstata na família, as pessoas obesas, as pessoas que fumam, as pessoas sedentárias também têm uma probabilidade maior e também os homens afrodescendentes, porque eles têm algumas substâncias no corpo que às vezes retardam um pouquinho essa questão da sintetização de algumas substâncias,” afirma Rocha.

 

De acordo com a sociedade brasileira de cirurgia oncológica homens negros tem maior risco de ter câncer de próstata, representando 60% dos casos, devido a uma maior sensibilidade à ação da testosterona, levando a uma maior frequência dos diagnósticos e a tumores mais agressivos em alguns casos.

 

Quanto ao tratamento, o professor reforça a importância do diagnóstico precoce. O adoecimento por alterações na próstata não necessariamente se caracteriza como câncer.

 

“É muito comum que esses homens tenham prostatite, que é uma inflamação da próstata, e também muitos homens têm um aumento da próstata. Algumas pessoas consideram isso como um inchaço da próstata. Principalmente homens acima dos 70 anos, eles têm uma probabilidade maior de ter um aumento da próstata e não ser câncer. Então, o tratamento precocemente, o diagnóstico precocemente, pode descobrir esses detalhes” afirma Rocha.

 

Quando o câncer é detectado “existem vários tipos de tratamento, desde as questões das cirurgias, radioterapia, quimioterapia. Atualmente a cirurgia robótica tem um grande efeito na vida desses homens porque quando ele passa pela cirurgia robótica ele tem um menor tempo de internação e a recuperação desse homem é mais rápida também”, afirma o docente.