Professores da UFMT participam de paralisação nacional com duração de dois dias contra a Reforma Administrativa
Docentes
alertam para riscos de precarização da carreira e defendem diálogo sobre os
impactos da medida na educação pública.
Política
Estenio Mota
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) anunciou a adesão à paralisação nacional nos dias 28 e 29 de outubro, em protesto contra a proposta de Reforma Administrativa em tramitação no Congresso Nacional. O movimento busca chamar atenção da sociedade para os impactos que a medida pode causar na carreira docente e no funcionamento das universidades públicas.
De
acordo com o professor Raimundo Expedito dos Santos Sousa, Coordenador geral de
subseção Araguaia da ADUFMAT, a proposta de reforma, embora traga tópicos
pontuais de avanço, como o combate aos supersalários, representa graves riscos
à carreira docente e à estrutura das universidades públicas.
Raimundo avalia que entre os pontos de maior preocupação estão a limitação dos concursos públicos, o que pode comprometer a renovação dos quadros e a continuidade de projetos de pesquisa e extensão que demandam anos de trabalho.
A
possibilidade de terceirização da contratação de professores, o que segundo ele
“levaria à precarização das condições de trabalho e à redução salarial”. Além
da implantação de avaliações periódicas dos docentes com aspecto subjetivo,
que, segundo ele, “poderia permitir demissões com base em critérios que não
dialogam com o mérito acadêmico real, abrindo margem para perseguições
políticas”.
O
professor também destacou a ameaça à estabilidade dos servidores públicos e o
risco de migração do regime próprio de previdência para o regime geral, o que,
em sua avaliação, enfraqueceria a proteção previdenciária dos docentes e
servidores. “A reforma enfraqueceria o regime de previdência própria dos
docentes, o qual fazemos parte atualmente, forçando a migração para o regime
geral de previdência do INSS que já se encontra precário”, sintetizou.
Novas
paralisações
A
decisão pela paralisação, segundo o professor, foi tomada de forma recente, em
16 de outubro na assembleia da ADUFMAT, diante do avanço acelerado da pauta no
Congresso.
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Professor Raimundo Expedito dos Santos Sousa, Coordenador subseção ADUFMAT Araguaia,
durante entrevista concedida à Agência Focaia, via Google Meet - imagem Estenio Mota.
Raimundo argumentou que há necessidade de uma maior de participação dos estudantes em discussões como essas, que de fato afetam a vida acadêmica. “Falta ainda maior engajamento dos discentes nas discussões sobre a universidade pública. Esse diálogo precisa aumentar para que possamos fortalecer as políticas e as lutas coletivas”, acrescentou.
Sobre
os próximos passos do movimento, o professor afirmou que, neste momento, não há
perspectiva de uma nova greve docente. Segundo ele, a paralisação tem caráter
pontual e estratégico, servindo principalmente para manifestar insatisfação e
pressionar deputados e senadores quanto aos riscos embutidos na proposta de
Reforma Administrativa.
“Na
última greve, algumas demandas foram atendidas. Agora, queremos apenas deixar
claro que a reforma não está nos moldes adequados. Acredito que a classe
política compreenderá isso, e que poderemos avançar no debate sem a necessidade
de uma paralisação prolongada”, concluiu.
O Coordenador se mostrou confiante em relação ao diálogo político e à sensibilidade do Governo Federal e do Legislativo para com as pautas apresentadas pela categoria. “Acredito que a classe política compreenderá a gravidade das mudanças propostas e que conseguiremos avançar no debate. Não esperamos uma reforma aprovada nesses moldes”, afirmou.

