Publicação dá visibilidade às ‘mulheres da comunicação' do Centro-Oeste, com participação de professoras do Jornalismo UFMT/CUA
Livro
Francisco Lucidio
O projeto latino-americano de produção biográfica, “mujeres de la comunicación”, lançou em abril deste ano no Brasil o livro “mulheres da comunicação: região Centro-Oeste,” com o objetivo de destacar o trabalho intelectual das mulheres como protagonistas do campo acadêmico da região. Na primeira edição da obra estão entre as autoras duas professoras do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus do Araguaia, Patrícia Kolling e Jociene Carla Bianchini.
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Livro com produção biográfica latino-americana, “mujeres de la comunicación”, publicado no Brasil que destaca como temática as “mulheres da comunicação: região Centro-Oeste. |
A
produção é organizada pelo Omar Rincón, diretor na América latina da fundação
Friedrich Ebert (FES). “Um dia analisamos os textos nos cursos dos estudos da
comunicação e cultura e notamos que a maior parte da bibliografia está composta
por homens, brancos, gringos e europeus. Dissemos, então, que devíamos fazer
algo a respeito. E este é o primeiro objetivo: dar testemunho de que a
comunicação na América Latina é um campo sob o olhar das mulheres. É disso que
trata esse projeto,” diz o organizador na apresentação do livro.
Pensado
inicialmente para uma única edição, a publicação agora conta com mais quatro produções, uma para cada região do país. As biografias colocam em foco as
mulheres fundadoras e consolidadoras do campo da comunicação em cada Estado,
que participaram do início das faculdades de comunicação, não necessariamente
apresentando histórias de vida ou relatos, mas destacando suas trajetórias
acadêmicas.
De
acordo com Patrícia Kolling, uma das docentes da UFMT, campus Araguaia, que
participam do projeto, “esse livro é uma forma de valorizar os trabalhos das
mulheres comunicadoras e jornalistas, precursoras a nível de Brasil, que
tiveram destaque em épocas diferentes”. A docente afirma que ficou feliz com o
convite para participar da publicação, “porque de certa forma é uma valorização
também do nosso trabalho atual.”
“Também
achei muito bacana conhecer a história dessas mulheres. A professora Cátia
[Meirelles], que foi sobre quem eu escrevi foi uma das primeiras professoras do
curso de comunicação em Cuiabá. Ela veio de Niterói para Cuiabá, trabalhou nos
veículos de comunicação, entrou nos primeiros concursos, ajudou a criar o
curso, a estruturar toda a parte de laboratórios do curso na época, tanto de
publicidade quanto de jornalismo e trabalhou muito tempo na TV da Universidade.
Então é bacana conhecer essas histórias, saber que elas tiveram muitas
dificuldades e que elas conseguiram superar.”
Em relação a valorização das mulheres no campo acadêmico, com ênfase no centro-oeste, Kolling argumenta que é uma região que se desenvolveu tardiamente na área da comunicação, se comparada ao Sul e ao Sudeste, além de ser uma área em que as mulheres precisam se expressar e realmente mostrar seu potencial e suas pesquisas.
“E esse livro tem exatamente esse objetivo, de resgatar essa
história e mostrar a importância dessas mulheres junto a área da comunicação,
que durante muito tempo foi majoritariamente masculina, mas ao olhar a história
que o livro traz percebe-se que existiram muitas mulheres importantes nesse
processo,“ avalia.
Entrada da UFMT, Campus Araguaia, unidade de Barra do Garças - imagem Cristiano Costa/ Focaia. |
Os
desafios
Sobre
os desafios que as mulheres enfrentam no campo acadêmico, a docente avalia que
o principal, não só no campo da comunicação, é dar conta de acumular diversas
funções, principalmente quando vem junto com a maternidade. “É um grande
desafio para nós mulheres darmos conta de cumprir as tarefas acadêmicas e
cumprir o que a universidade exige de nós, como pesquisadoras, ao mesmo tempo
que a gente exerce a maternidade. Isso é um grande desafio e é uma grande luta
das mulheres ser valorizada por isso.”
A
professora conclui que sua participação, de Jociene Pedrini e de outras
mulheres foi uma forma de serem reconhecidas no meio acadêmico, mediante a
publicação do livro, cuja proposta é de valorizar a comunicação como um todo,
inserindo não só quem está na capital, mas também quem está no interior. Nas
suas palavras “um olhar do todo, sendo uma outra forma de mostrar que a gente
também tem um trabalho interessante aqui no interior”.
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