‘Diagnóstico da tuberculose em presídios’ foi tema tratado pela LAECS, que em 2025 debate na UFMT/CUA as ‘doenças infectocontagiosas’

Evento

Eduarda Nascimento

 

Na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia, ligada ao curso de Biomedicina há a Liga Acadêmica de Estudos Científicos em Saúde, que tem como objetivo apresentar para a comunidade análises sobre doenças que ainda são negligenciadas no debate público. O grupo de trabalho científico teve início em maio de 2019. No mês de abril, LACES realizou palestra sobre o tema: “o diagnóstico da tuberculose em pessoas privadas de liberdade no estado de Mato Grosso”.  

O evento ocorreu na unidade universitária de Barra do Garças, aberto a comunidade acadêmica. O biomédico e ex-aluno da UFMT, Marlon Alonso, especialista em Análises Clínicas e Toxicologia da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso, apresentou o projeto estadual que atua, o qual tem como principal objetivo a detecção precoce da tuberculose em pessoas em situação de encarceramento no estado. 

 

 

Palestra do biomédico, Marlon Alonso sobre "Diagnóstico de tuberculose em privados de liberdade
do sistema prisional em Mato Grosso," realizada em abril na UFMT Araguaia - Imagem Alliah Peres.



Durante a palestra, o biomédico destacou que a população privada de liberdade possui 20% mais chances de contrair a doença, devido às condições dos presídios, geralmente com celas superlotadas, baixa ventilação e com pouca luz solar.  

Marlon enfatizou que é necessário realização de ações para interromper a cadeia de transmissão, apontando preocupações quanto ao tratamento da comunidade carcerária, destacando como referência o estado de Mato Grosso. 

No estado, segundo a Defensoria Pública e a Secretaria de Administração Penitenciária, com dados de 2024, há cerca de 12.800 pessoas cumprindo pena em 41 unidades prisionais do estado. A capacidade oficial é próxima desse número, mas há muitos casos em que celas abrigam em média duas pessoas por vaga, evidenciando a superlotação e as condições precárias do sistema prisional. 

A tuberculose tem cura, mas segundo com o especialista depende de um diagnóstico rápido e de um tratamento seguido corretamente. Os primeiros 15 dias são cruciais, momento em que o paciente deve estar isolado, enquanto o antibiótico atua, de modo a desenvolver condições para que ele não transmita mais a doença. 

A pessoa diagnosticada precisa de ainda mais 6 meses de tratamento até estar realmente curada. O diagnóstico é feito por meio de um exame molecular que identifica rapidamente a presença da bactéria e a resistência ao antibiótico rifampicina.  

Além dos dados sobre a doença e o diagnóstico, o biomédico afirma que deve haver a conscientização e a continuidade do tratamento, porque em muitos casos pacientes tendem a interromper as medicações após as melhoras iniciais, prejudicando o ciclo indispensável para combater a tuberculose.  

O biomédico destaca ainda o papel da rede pública de saúde, que colabora com o diagnóstico rápido, tratamento e o acompanhamento gratuito, inclusive para HIV, hepatites e sífilis.

 

Evento científico

 

Para um dos diretores de administração da Liga Acadêmica, Gabriel Barbosa, promover eventos como este é extremamente importante para os estudantes. “Trazendo profissionais externos, os alunos obtêm conhecimento prático e atualizado, saem da rotina da sala de aula e entram em contato com uma nova dinâmica de aprendizado”, afirma.  

Gabriel conta também que a escolha dos palestrantes é feita com base no tema anual, que em 2025 é sobre “doenças infectocontagiosas”. Como descrevem os membros da LIGA a busca é por especialistas da área, como biomédicos, professores e profissionais da saúde. Ele acrescenta que neste tempo vem obtendo interesse de intelectuais e empresas, que “nos procuram para compartilhar seus conhecimentos”, completou.  

A Liga tem 32 participantes, representada por diretores e estudantes do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, que é aberta a todos os discentes da graduação. Os eventos realizados pela entidade acadêmica têm o apoio da UFMT e colaboração de empresas do município, como destaca o diretor.