Para ambientalista, diante do volume de áreas queimadas em Mato grosso este ano ‘a perda da biodiversidade é irreparável’

Meio ambiente

Thamires Coelho

 

O estado de Mato Grosso este ano enfrentou uma das piores crises ambientais, com queimadas florestais, atingindo níveis alarmantes e colocando em risco a biodiversidade da região. Essas queimadas não apenas destruíram milhares de hectares de floresta, mas também afetaram a vida de comunidades indígenas, além de comprometer a saúde pública com a poluição do ar.


Até o momento 86 incêndios florestais foram totalmente extintos, faltando apenas 11 em combate, como destaca o analista ambiental do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PREVFOGO/IBAMA), Altair Luiz Gonçalves, em entrevista concedida à Agência Focaia na última segunda-feira (21). 


Aldeia de etnia Kuikuro, localizada em Alto Xingu, área mais afetada por queimadas - imagem 

Takumã Kuikuro/ reprodução do site ExtraClasse.



Incêndios criminosos, vandalismo, queima de roças e extração de madeiras foram parte da causa do alto índice de incêndios no estado. A perda da biodiversidade é irreparável, com espécies ameaçada de extinção como o jaguar, o tucano e o tamanduá, que são ícones de fauna brasileira. 


Gonçalves, afirma que o aumento de queimadas foi significativo em Mato Grosso, com relação ao ano passado, mas a chegada da chuva partir de outubro, foi o suficiente para cessar maior parte dos focos de queimadas. 


Conforme dados fornecidos pela PREVFOGO, em áreas pesquisadas, no período entre 1º de abril a 10 de outubro desde ano, o aumento de incêndios ganhou proporções no Parque Indígena do Xingu, no qual estão localizados os municípios de Gaúcha do Norte, Canarana, São Felix do Araguaia e Feliz Natal, com uma área afetada por queimadas de 4,42% da floresta. No Território Indígena Capoto Jarina em que estão os municípios de São José do Xingu e Peixoto de Azevedo com uma área atingidas pelo fogo é de 25,02%. 


Reflexos das queimadas


O impacto no logo prazo das queimadas recorrentes para o bioma do cerrado é o aumento da temperatura da superfície do solo, com ressecamento, assoreamento dos recursos hídricos, perda de espécies florestais e animais, avalia Gonçalves.


No entanto, é possível reverter esse cenário, sinaliza o ambientalista. A implementação de políticas de conservação e restauração florestal, aliada à educação ambiental e ao apoio às comunidades locais podem ser um caminho para recuperar a biodiversidade e prevenir futuras queimadas, destaca.


Já existem exemplos de sucesso em Mato Grosso, como o Programa de Conservação da Biodiversidade (PCB), a criação de reservas extrativistas e áreas de proteção ambiental e a implementação de sistemas de monitoramento de queimadas. Como afirma o ambientalista, essas iniciativas demonstram que, com determinação e cooperação, é possível reverter o cenário de destruição e construir um futuro mais sustentável.


Terra Indígena Capoto Jarina em São José do Xingu 

– imagem PREVFOGO.



Chegada das chuvas


Gonçalves ressalta que “as chuvas do início mês de outubro tem sido importante para a diminuição de intensidade dos incêndios florestais e até extinção completa deles em alguns casos. A expectativa é de redução drástica do número de focos de calor, porém há possibilidade de ocorrências de veranico, que seria o final de outubro”.