Queimadas atingiram 12 mil hectares do Pantanal e o prolongamento da seca pode aumentar ainda mais a tragédia

Meio Ambiente

Raissa Ali

Com a chegada do período mais seco do ano, notícias sobre queimadas em diversas regiões do país se tornam comuns, com destaque no Centro-Oeste onde está o pantanal, localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, um dos biomas mais atingidos nos últimos meses, com cerca de 12 mil hectares da área sob o fogo. Consequência graves para a fauna com animais que morrem queimados ou tentam fugir do lugar.

Eduardo Vieira dos Santos, professor do curso de licenciatura em Geografia da UFMT-CUA, em entrevista à agência Focaia destaca que as altas temperaturas e o tempo seco são fatores responsáveis pelas queimadas no pantanal. Nesta linha de pensamento, a revista Carta Capital, descreve que "os incêndios já devastaram 10% da cobertura vegetal. E a seca ainda não atingiu o seu ápice".


Queimadas no bioma pantanal superam números alarmantes de 2020 - imagem

Gustavo Figueiro/SOS Pantanal/Carta Capital/Reprodução.



“Sim, várias características são responsáveis pela incidência de queimadas no Pantanal. O clima tropical com um período seco pronunciado, no qual os índices pluviométricos são muito baixos e as temperaturas são elevadas. O tipo de vegetação com denso estrato de espécies herbáceas, que durante o período seco se tornam um material combustível para os incêndios. A elevada disponibilidade de matéria orgânica seca. As ações antrópicas, com a utilização do fogo, e atividades que podem gerar fagulhas e iniciar uma queimada,” destaca.

O professor explica que as condições naturais do ambiente podem levar às queimadas, contudo a quantidade de casos seria bem menor sem interferência humana. Porque “as atuais queimadas no Pantanal são resultado de um conjunto de fatores que sim, envolve a intensificação das práticas agrícolas somadas a fatores climáticos, como um elevado período de precipitação abaixo do esperado.”

Reflexos inevitáveis


Segundo publicação do jornal A Gazeta (Cuiabá), a partir de informações da ONG É o Bichonos primeiros seis meses deste ano foram consumidas pelo fogo "12.810, 27 hectares da área de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)." A queimada que persistente na região, como avalia especialistas, pode causar alterações no bioma, que resulta em reflexo danosos à fauna da região do Pantanal.

Como afirma Santos, “quanto maior a intensidade ou a frequência de queimadas, maior a chance de extinção de espécies da fauna e da flora. A vegetação menos adaptada às queimadas apresenta tendência ao desaparecimento e os animais podem sofrer drásticas reduções de suas populações pela morte direta durante o incêndio e pela alteração de seu habitat, como a redução de alimentos.”


A alteração no meio ambiente na região do pantanal também pode trazer consequência para a população local, “que depende diretamente do ambiente ou por exemplo para quem explora a atividade turística.” Apesar das possibilidades de queimadas naturais, como consequência de fenômenos da natureza, conforme avalia Santos o investimento em proteção do bioma poderia minimizar os impactos ao meio ambiente.

“Nesse sentido, as ações políticas poderiam, sim, reduzir os atuais cenários de degradação do Pantanal e também do Cerrado”, afirma. Souza, no entanto, diz ser “cético neste ponto” ao ver grande dificuldade para decisões dos atuais grupos políticos que “possam priorizar tais ações, principalmente, no estado de Mato Grosso e de Goiás.”