Representante dos estudantes diz ser essencial que UFMT mantenha ‘comunicação clara e regular com os alunos,’ no retorno às aulas
Greve
Raissa Ali
Com a sinalização do fim da greve dos professores e servidores
técnicos, a agência Focaia manteve contato com a representação
estudantil da UFMT, campus Araguaia, Amanda Sophia, com o objetivo de entender
o ponto de vista dos alunos sobre as paralisações nas universidades federais e
o planejamento de retorno às aulas.
Sophia é graduanda do curso de direito, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), gestão 2023-2024.
Como avalia a greve dos professores
das instituições federais, com mais de dois meses de paralisação?
É importante reconhecer que greves são formas legítimas de
manifestação e negociação por direitos trabalhistas. No entanto, o impacto
prolongado de mais de dois meses levanta preocupações significativas sobre o
funcionamento regular das instituições de ensino, principalmente o cumprimento
dos calendários acadêmicos e o impacto na vida de cada estudante,
principalmente nos estudantes que vieram de outros estados para estudar.
Sobre a greve na UFMT, Campus Araguaia, as paralisações trarão
problemas para as atividades acadêmicas?
Sim, todo tipo de greve afeta as atividades acadêmicas, isso é
fato. Os alunos enfrentam atrasos no cronograma de aula, o calendário vai
atrasar mais do que já está, e, terá que ser repensado para que assim seja
organizado novamente.
Como a paralisação das aulas tem afetado a sua rotina?
Além da falta de aulas, obviamente, eu, como presidente do DCE,
tive a rotina muito corrida, pois tive que estar disposta a qualquer momento
para estar sempre a par das notícias sobre a greve, para que assim pudesse
pensar em maneiras para contornar as situações mais graves, que afetassem mais
ainda os estudantes.
Pensando na educação pública e gratuita, que depende de recursos
do governo federal, a mobilização dos professores e servidores técnicos se
torna necessária ou há outras formas de políticas?
A mobilização dos professores e servidores técnicos é
frequentemente necessária para garantir melhorias na educação pública e
gratuita, especialmente quando depende de recursos do governo federal.
A mesma é crucial para chamar atenção para as demandas urgentes e
necessárias na educação pública, políticas bem planejadas e executadas [que]
são essenciais para promover mudanças estruturais e sustentáveis no sistema
educacional.
Não penso em outra forma de contornar tal situação.
Você esteve envolvido nas discussões e ações relacionadas à greve
dos professores e servidores técnicos?
Sim! Participando de todas as assembleias possíveis que fui
convocada, e em contato com a Adufmat Araguaia [Associação dos docentes da
UFMT] para ficar atenta a qualquer nova informação.
Com o retorno das atividades já sinalizado, como avalia ser a
melhor forma de organizar o calendário acadêmico?
Começando pelo replanejamento do cronograma, a universidade deve
revisar o calendário acadêmico, ajustando as datas de início e término do
semestre, de forma a compensar os dias perdidos durante a greve.
Avaliações e prazos para trabalhos podem ser reajustados para dar
mais tempo aos alunos na preparação, considerando o período de interrupção das
atividades.
Garantir que serviços de auxílios estejam plenamente operacionais,
assim que as atividades forem retomadas, já que os mesmos garantiram não parar
durante a greve; e, mesmo assim, nenhum dos alunos inscritos antes e quando a
greve começou tiveram o andamento de seus pedidos.
É essencial que a universidade mantenha uma comunicação clara e
regular com os alunos, informando sobre as decisões tomadas em relação ao
calendário e quaisquer ajustes necessários.
Em sua análise por que houve uma recusa do movimento estudantil em
abraçar a paralisação? Os alunos foram ouvidos nesse processo?
Sim, os alunos foram ouvidos. As prioridades eram diferentes das
dos professores. Enquanto os professores estavam focados em melhorias salariais
ou condições de trabalho, os estudantes estavam mais preocupados com a
continuidade das aulas e serviços educacionais.
É importante destacar que a nossa recusa em apoiar a paralisação não implica necessariamente falta de solidariedade com os professores e servidores técnicos, mas sim diferentes perspectivas sobre como melhor abordar as questões em jogo. Mas, com tudo isso em mente, a voz maior é a dos alunos, logo o movimento escuta os estudantes para assim tomar a decisão.