Universidades federais em greve sinalizam não aceitar proposta do governo nesta segunda; panorama das mobilizações

Greve

Raissa Ali

 

Quando os professores da UFMT aderiram à greve da categoria, no último dia 17, as paralisações das atividades acadêmicas já ocorriam em mais de 50 universidades federais do país, resultando em cerca de um mês de duração e debates nas comunidades universitárias.


O movimento em torno das instituições, nas negociações com o governo federal pela educação, tem a participação dos servidores técnicos e professores de universidades e institutos federais brasileiros.


A classe dos servidores públicos federais reivindica dos representantes do governo pela educação reajuste de salário e benefícios, carreira e aposentadoria, recomposição orçamentária e a revogação do novo ensino médio (NEM), da norma que dificulta progressões e promoções.


Em entrevista à agência Focaia, Ana Paula Sacco, representante da Adufmat, ao ser questionada sobre as negociações em curso diz que “O balanço é de que as negociações avançaram com a pressão do movimento, mas ainda está aquém de atender a pauta de reivindicações.”


A última proposta apresentada pelo movimento grevista previa 22.22% de ajuste nos próximos três anos, iniciando em 2024, porém na contraproposta o governo insiste em 0% de ajustes para esse ano, com aumentos de 9% em janeiro do próximo ano e 3,5% em 2026, além de acréscimos pontuais ao longo das carreiras docentes.


“É difícil fazer previsões, mas a greve da Educação está forte, cada dia mais universidades aderem ao movimento. Esperamos que o governo atenda nossas reivindicações”, avalia Sacco.


Momento de negociação


Se depender dos professores da UFMT a greve deverá seguir em frente, com a recusa da proposta do governo. Em reunião nesta sexta-feira (24), promovida pela Adufmt, os professores, por maioria, decidiram negar assinatura de acordo nos termos os apresentados pelos representantes da educação federal, com data limite segunda-feira (27).

 


Votação dos professores em assembleia geral da ADUFMAT em abril quando a categoria 

decidiu aderir às mobilizações nacionais - imagem: Vitor Fernandes.



Foram 89 votos contrários à assinatura e nenhum a favor, em assembleia dos docentes dos quatro Campi da instituição. O Campus de Cuiabá apresentou duas abstenções, e no Araguaia foram 19 votos contrários ao acordo com o governo e uma abstenção, não houve voto favorável.


No entanto, a representante sindical esclareceu que a decisão será tomada por meio de um processo de votação entre as instituições filiadas ao Andes-SN, em assembleias realizadas durante esta semana a fim de votar sobre a adesão da proposta. A decisão de cada assembleia será levada ao comando nacional de greve pelos representantes de cada seção sindical.


Mobilizações grevistas


Quanto ao movimento de greve, Sacco esclareceu que “O Comando Local de Greve (CLG) se instalou, as reuniões estão ocorrendo como ocorrem as Assembleias da Adufmat.  As primeiras diretrizes já foram estabelecidas, nos dividimos em algumas comissões: coordenação, comunicação, mobilização e ética.”


Como informa a representante sindical, o comando de greve criou o e-mail comissaoeticaufmt.clg.2024@gmail.com para encaminhamento de dúvidas, denúncias e esclarecimentos, além de haver os canais de comunicação da ADUFMAT.


Na assembleia de abril em que os professores da UFMT aderiram à greve, representantes dos estudantes dos Campi se manifestaram contrários à paralisação. No entanto, Sacco reconhece que haverá reflexo para calendário acadêmico, mas afirma que as mobilizações neste momento são necessárias.


“Estudantes se posicionaram contrários à greve em sua primeira avaliação, mas podem estar reavaliando essa decisão a partir das entidades representativas.”


Segundo ela, posição dos alunos é compreensível, por outro lado, o momento é propício para a organização do movimento estudantil estabelecer suas pautas e reivindicações. “A greve é uma oportunidade de nos tirar da nossa rotina e nos colocar em local de luta coletiva, e as conquistas da luta é para toda a comunidade e por uma Educação Pública e de Qualidade,” destaca.