Sem concorrência, Garçastur pressiona prefeitura de Barra do Garças por subsídios e ameaça paralisar o transporte público

Transporte público

Eduarda Peres


A Prefeitura de Barra do Garças e a Garçastur (Delta Express) mantêm disputa em torno do transporte público, que corre o risco de paralisação como consequência de desentendimento nas negociações. O executivo municipal é pressionado por aumentos nas passagens de ônibus, o que vem cedendo ao longo dos anos, mesmo assim a empresa, de maneira recorrente, alega prejuízos na prestação do serviço, solicitando a liberação de recursos públicos para manter o transporte funcionando.

 

O Prefeito de Barra do Garças, Adilson Gonçalves de Macedo (PSD), após negociação com a empresa, concedeu em dezembro do ano passado reajuste no valor das passagens do Transporte Coletivo Urbano, de R$ 6,00 para R$ 7,00 (aumento de 16,6%), valor que entrou em vigor no mesmo mês da aprovação.


O reajuste havia sido solicitado oficialmente, desde 2022 pela Garçastur, única empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade de Barra do Garças. Como a concessão do valor da passagem do transporte público é anual, em maio do ano passado a prefeitura havia concedido a mudança de preço, com aumento de R$ 4,75 para R$ 6,00 (26,31%), mas a empresa entrou em campo para que o valor chegasse aos 7,00, recusado, então, pelo executivo na época. 




Delta Express, Garçastur, pressiona a prefeitura de Barra do Garças por liberação de subsídios para o 

transporte público e ameaça paralisar o serviço - imagem reprodução.




Segundo Paulo Augusto de Souza, diretor executivo da Garçastur, alguns dos entraves no transporte coletivo local são motivadores para solicitação de reajuste. O primeiro deles é falta de qualquer subsídio da prefeitura e estado no sistema de transporte público no munícipio. 


O excesso de gratuidades também é um problema para a empresa, como a meia tarifa urbana estudantil, sem a devida compensação. Com o preço alto do diesel, a integração gratuita no terminal, ausência de infraestrutura no transporte coletivo tornam a prestação do serviço inviável financeiramente para a empresa, alega Souza.


A empresa destaca ainda como problema para o negócio, os ônibus mantidos pelas instituições que oferecem o transporte gratuito,  as viagens clandestinas que atuam livremente, que retiram usuários do sistema oferecido pela Garçastur, ocasionando consequência para o caixa da empresa.


O que diz a Prefeitura


A Prefeitura Municipal de Barra do Garças, por meio de sua assessoria, diz conhecer todas as reclamações da empresa do transporte público municipal, o que serviu de base para os aumentos do preço das passagens. 


Na solicitação do reajuste, a Garçastur apresentou relatórios alegando que o valor praticado anteriormente não era suficiente para custear a manutenção e a circulação dos ônibus, e caso o aumento não fosse concedido haveria a possibilidade de interrupção do serviço.


A discussão entre a prefeitura e a empresa não teve início neste ano. Em 2021, período de pandemia e afastamento social, o município disponibilizou subsídios à Garçastur, num período de três meses, no sentido de atender as reivindicações da empresa e, assim, manter a continuidade do serviço. O benefício foi oferecido, como alega a prefeitura, mesmo em um período delicado para a economia da cidade.


Após o término do subsídio, a empresa voltou às negociações, alegando o agravamento da crise financeira, referente à baixa quantidade de passageiros pagantes, chegando a advertir, como medida, a suspensão da gratuidade dos idosos e da tarifa reduzida em 50% para estudantes.


Ato contínuo, conforme a assessoria da prefeitura, o executivo municipal ingressou com uma ação civil pública de obrigação, contra a empresa, conseguindo na Justiça uma liminar e, posteriormente, uma sentença favorável, garantindo a permanência desses benefícios aos idosos e estudantes.


A Justiça também determinou que a empresa pode, a qualquer momento, solicitar a suspensão definitiva ou temporária da prestação de serviço, desde que cumpra um tempo mínimo de adaptação dos usuários.


Diante do impasse com a Garçastur, que constantemente avalia a paralisação do serviço do transporte público municipal, a prefeitura deu início aos trâmites legais para abertura do Edital de licitação, com objetivo de abrir espaço para a concorrência do serviço, destaca a assessoria do executivo municipal.