Crescimento demográfico de Povos Indígenas resulta em comemoração e dúvidas das comunidades regionais

População

 

Evellyn Giovanna 

 

O último censo demográfico da população indígena do Brasil, publicado neste ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), aponta um aumento no número da população dos povos originários no país em 88,82%, se comparados os dados da pesquisa feita em 2010. O Crescimento da população brasileiros nestes 12 anos, conforme o órgão foi de 6,5%. 


De acordo com o órgão do Governo Federal, o levantamento apontou que, a população indígena do país em 2022, chegou a 1 693 535 pessoas, o que representa 0,83% de todos os brasileiros. O Censo 2010 registrou a presença no país de 896 917 mil pessoas indígenas, então, 0,47% dos residentes no território brasileiro. Conforme dados do IBGE, "pouco mais da metade (51,2%) da população indígena está concentrada na Amazônia Legal", descreve publicação da Funai.


 

Aumento demográfico dos indígenas no Brasil é comemorado pelas comunidades, porém resulta também em preocupação quanto a política de atenção aos povos originários do país - imagem Pamela Santana.



Como analisa o próprio IBGE, a comparação não pode ser considerada como eficiente, pelo fato de haver mudanças de metodologias para as duas pesquisas, considerando que a publicada deste ano adotou questionamento mais ampliado, respondido pelas pessoas das comunidades indígenas. 


Contudo, é possível observar que entre as prováveis motivações desse aumento, estaria relacionada principalmente a própria reafirmação de identidade e reconhecimento dos povos. Isto porque, “diferente de outras épocas, hoje os povos indígenas têm orgulho dessa autoafirmação,” destaca o professor da UFMT, Gilson Costa, pesquisador da cultura indígena.  


O aumento impacta diversas mudanças político-sociais dentro das comunidades, “quanto maior a população, maior a força política na reivindicação dos direitos que são garantidos na Constituição, como o direito à ocupação das terras tradicionais, educação diferenciada, livre manifestação de cultura e religião, e autonomia dentro das comunidades”, descreve o pesquisador.

  

Amazônia Legal


Na Amazônia Legal, que relaciona os "estados do Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão, "habita a maior parte dos indígenas do país (51,25% ou 867,9 mil indígenas). Esse contingente corresponde a 3,26% do total de habitantes da região", conforme publicação do IBGE.


Na comunidade dos povos Xavantes, esse aumento deve impactar principalmente nas atividades cotidianas da comunidade, diz Lúcio Xavante. “Há uma grande preocupação na geração de emprego, saúde e educação. É preciso repensar as condições de vida dentro das aldeias indígenas com este aumento,” avalia.