Foi celebrado no último dia 13 desse mês o Dia da Abolição da
Escravatura. No entanto, a data não chega a empolgar os representantes de
comunidades negras espalhadas pelo Brasil, com críticas sobre a realidade
social e política que sustentam a exclusão e preconceitos existentes no país,
apesar dos 135 anos do fim da escravidão. Até mesmo a abolição é questionada
por pesquisadores e intelectuais.
Para Luana Ramos, professora da UFMT e coordenadora do projeto Coletivo
CorAge, desenvolvido no Campus Araguaia, é sempre importante falar sobre a
abolição. “Discutir ao longo do ano e não apenas nas datas específicas,
acho que isso deveria ser incluído na grade curricular ensino fundamental,
médio e também na graduação”, avalia.
Ramos ainda completa dizendo que as pessoas precisam olhar para o passado de uma maneira racional. “O Brasil é o país que mais recebeu escravizados no mundo e pouco se é falado sobre isso, as pessoas não olham para o passado e nem para o presente”.
A Abolição da Escravatura: quadro de 1849 de François Auguste-Biard - imagem Wikimedia. |
Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, 54% da população brasileira é composta por negros, ainda assim, o Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão. As faltas de oportunidades e o racismo causam efeitos até os dias atuais.
Em entrevista ao G1, a professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, Ana Flávia Magalhães Pinto, diz que a promessa da liberdade, da igualdade e da cidadania formal foi afirmada e reafirmada em todas as Constituições Brasileiras, desde a abolição da escravatura, porém, o cumprimento de tudo isso está longe de ser algo palpável na realidade cotidiana.
Abolição brasileira
Entre 1888, quando a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel, e os dias atuais, existem 135 anos. No entanto, a decisão foi tomada por movimentos abolicionistas que tomavam conta da sociedade brasileira e, principalmente, dos próprios escravizados.
Historicamente, era um período conturbado para o Império a partir do momento em que o tráfico negreiro foi proibido pela Lei Eusébio de Queirós em 1850. A escravidão já tinha sido abolida em diversos países do continente e o Brasil começava e ser isolado.
O momento era da Guerra do Paraguai (1864-1870) e as questões abolicionistas foram deixadas de lado. Já com o fim da Guerra, foi aprovada e assinada a Lei do Ventre Livre, pela Princesa Isabel. A lei defendia que os filhos de escravas nascidos após a promulgação da lei seriam considerados livres, mesmo assim, a liberdade seria feita por etapas.
Apenas no início de 1888, alguns grupos políticos que defendiam a escravidão, por fim, aderiram a causa abolicionista. O projeto pela abolição foi proposto pelo político do Partido Conservador João Alfredo, e, após ser aprovada pelo Senado, foi levada para que a regente do Brasil, a princesa Isabel assinasse a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.