Com dívidas de R$ 5,2 milhões, UFMT tem apenas R$10 mil para pagamento das contas de dezembro

Política educacional

 

Evellyn Giovanna

As universidade federais brasileiras iniciam o último mês do ano com muitos problemas de caixa, como reflexo de cortes de recursos promovidos pelo governo federal, que enfrenta grave crise diante da falta de recursos para equilibrar as contas ao teto de gastos, após o processo eleitoral, no qual Jair Bolsonaro tentou a reeleição.  

Como esperado, o assunto vem sendo debatido nas instituições do ensino superior sem soluções à vista no curto prazo, gerando perplexidade nos campi universitários e muita preocupação para reitorias e  comunidade acadêmica, quanto à manutenção das atividades básicas.

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) realiza reuniões com a comunidade acadêmica dos quatro campi, após a informação oficial das medidas adotadas pelo Governo Federal, de cortes de recursos públicos, que inviabilizam o cumprimento dos pagamentos de bolsas e serviços básicos da instituição.

Estudantes dos Campus de Cuiabá, Várzea Grande, Sinop e Araguaia sentem os impactos e, então, realizam reuniões na tentativa de compreender a dimensão de problemas e buscam soluções imediatas. 

 

Universidade Federal do Mato Grosso sofre mais um corte de recursos e não vê solução a curto prazo para o problema de pagamento das despesas básicas -  imagem reprodução.

 

Como informa a assessoria da instituição, com os últimos bloqueios orçamentários, a UFMT está com um déficit financeiro para pagamento das despesas liquidadas, a curto prazo, na ordem de R$ 5,2 milhões. A universidade, de acordo com a SECOMM, tem um saldo em caixa de aproximadamente 10 mil reais para cobrir as obrigações consolidadas.  

A UFMT já comunicou à comunidade acadêmica que não conseguirá pagar as bolsas e auxílios estudantis do mês de dezembro e nenhum dos serviços prestados em novembro, como restaurante universitário, limpeza, segurança, motorista, jardinagem, energia elétrica, água, telefone, internet. 

Como ocorre em várias universidades federais do Brasil, diante do impasse, os discentes da UFMT Araguaia manifestam em carta aberta, publicada nas redes sociais, assinada pelo Diretório Central dos Estudantes e representantes da comunidade acadêmica do Campus.

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CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES DA UFMT

O DCE Araguaia, em conjunto com os Centros Acadêmicos e Representantes Discentes dos Conselhos Universitários, em atribuição de representação dos discentes da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia, vem, por meio desta carta aberta, externar a toda comunidade Universitária esclarecimentos sobre os últimos acontecimentos nesta Instituição de Ensino.

Não é novidade para ninguém que nos últimos tempos o governo Bolsonaro vem fazendo diversos cortes, confisco e bloqueios dos orçamentos das universidades públicas. São bilhões de reais já retirados de nossos orçamentos.

As entidades que vos escreve hoje, há meses se mantêm em alerta, informando-vos sobre o cenário financeiro da nossa instituição, no entanto, fomos diversas vezes descredibilizados por apoiadores da atual gestão do país, que apontavam nossos avisos como mentiras e histeria.

O ápice chegou no dia de hoje [ontem], 06 de dezembro de 2022, onde um novo capítulo na história desse país foi escrito.

Em reunião com todo o reitorado da UFMT, foi anunciado que TODAS AS BOLSAS de projeto de extensão, monitoria, tutoria, pesquisa, auxílio moradia, permanência e alimentação, NÃO SERÃO PAGAS a partir deste mês. São mais de 1700 bolsas, que somam um montante de mais 564 mil reais.

Professor Evandro Soares, reitor da UFMT, com Roberto Perillo, pró-reitor de planejamento, informaram que a Universidade gasta em média 5 milhões de reais mensalmente para pagar contratos de limpeza, RU, água, energia, wifi, bolsas e auxílios (conta essa que ainda pode aumentar com a chegada de novos boletos).

Ou seja, com clareza e transparência, na situação atual afirmamos que não será possível pagar nada que se faça necessário para o funcionamento da nossa Universidade, hoje nos encontramos em crise financeira e ela foi projetada pela gestão do atual presidente do país, Jair Messias Bolsonaro.

Diretório Central dos Estudantes da UFMT Araguaia Gestão Florescer.