Após quase dois anos com atividades remotas, estudantes planejam retorno ao Campus Araguaia para aulas presenciais

Aulas no Campus 

 

Claudio Nunes  

Roberto Cosme 

 

Desde o anúncio oficial da volta às atividades presenciais no Campus Araguaia, no final do ano passado, inclusive com aulas em sala em toda a UFMT, preocupações tomaram conta da rotina dos discentes que ainda não residem na região, além de docentes contratados como professor substituto em diversos cursos de graduação. As aulas presenciais retornam na universidade mato-grossense, nos quatro campi, no dia 11 de abril. 

 

 

Acadêmicos planejam retorno ao Campus Araguaia para as aulas presenciais. Imagem - Cristiano Costa.


Por esta razão a Agência Focaia entrevista pessoas ligadas a universidade para conhecer a realidade para muitos alunos, principalmente os ingressantes na UFMT neste período de pandemia e afastamento social, que dura cerca de dois anos. Muitos dos estudantes calouros estão para os campi da UFMT, caso do Araguaia, vindo para a cidade de Barra do Garças e Pontal do Araguaia, ou cidades em torno do Campus, onde deverão permanecer por no mínimo quatro anos. 

 

Preocupações dos calouros 

Raímundo Barbosa, 36 anos, é calouro de jornalismo, virá da cidade de Trairi (CE) para Barra do Garças (MT), numa distância que separa os dois municípios de 2.551 quilômetros. 

Como relata o estudante calouro do curso de Jornalismo “a maior dificuldade é a questão financeira” e, por isso, está planejando encontrar um emprego de meio período na cidade para se manter e conseguir se dedicar à graduação. Raí, como prefere ser chamado, que é casado e irá vir sem a esposa. 

 

 

Raímundo Barbosa, o Raí,

avalia que a mudança da cidade de Trairi, no Ceará, deverá ser experiência necessária para sua formação em Jornalismo, ainda que tenha de enfrentar o desafio residir em outra estado - imagem: Rede social

 

 

O calouro também declara que está ansioso para a volta presencial, “vou ganhar mais experiência e o ponto principal é que vou me dedicar quase que exclusivamente [nas aulas presencias, morando na cidade do campus, Barra do Garças]. Online a gente deixa as coisas pra última hora”. 

 

 

 

 Thalita Dias enfrenta o

desafio de se mudar de São Paulo para estudar na UFMT, Campus Araguaia, e se diz preocupada com esta fase, de residir em outra cidade (Imagem: Arquivo pessoal)

 

Thalita Dias, 22 anos, caloura de jornalismo, também terá que enfrentar o mesmo desafio. Atualmente mora São Paulo (SP) e se deslocará para Barra do Garças (MT) no retorno das aulas presenciais nos próximos dias. 

 

“Antes mesmo de anunciar oficialmente o retorno, eu já estava procurando algum lugar pra ficar, eu até tentei apoio de algumas pessoas que moram em barra, mas sem sucesso,” conta também que ouviu dicas de estudantes veteranos, o que a tem deixado mais segura. De início decidiu não assinar contrato com imobiliária que poderia impossibilitar oportunidades melhores de moradia.

 

 

Alessandra Navarro está

de malas prontas para Barras do Garças, cidade que será o seu novo local de trabalho, ela vêm de Londrina (PR) (Imagem: Rede social)


De fato, não são somente os estudantes calouros que param para decidir como proceder para retorno às aulas presenciais. Morando em Londrina (PR), a professora substituta Alessandra Navarro, 44 anos, do curso de letras Campus Araguaia também está planejando a mudança para a região do Campus Araguaia.  

 

No momento da entrevista estava em conversa com algumas empresas do setor imobiliário, mas ainda não havia fechado negócio.  

A professora se declara ansiosa sobre a volta das aulas presenciais, espera poder “conhecer a cidade e a universidade profundamente, pois ainda não conheço o estado do Mato Grosso. Gostei do que vi em minhas pesquisas on-line”, como a paisagem da cidade, o relevo, a infraestrutura, o campus, adianta. 

 

“Estou curiosa para entender a fronteira que faz o rio Araguaia na região e também gosto de ver a fauna regional”, como ressalta pássaros, mamíferos, peixes

 

Em relação a universidade, para este período de aulas remotas, Navarro relata que “A UFMT tem sido um excelente lugar de docência" e espera poder dar continuidade ao trabalho de forma presencial. 

 

Experiências e dicas dos veteranos 

 

 

Larissa Santos em visita a cachoeira Pé da Serra, Barra do Garças (MT) Imagem: Rede Social

 

Se há os estudantes que estão planejando a troca de residência, de cidade e estado, neste momento de começo de semestre letivo, os alunos veteranos passaram pela experiência. Larissa Santos, 23 anos, é um deles, se mudou de Araras (SP) para Barras do Garças (MT) em março de 2018.

  

Ela conta que a principal dificuldade durante a mudança foi com moradia, mas “graças a força de vontade da minha mãe, conseguimos um lugar antes de eu me mudar. Porém não foi tão fácil, ligamos para a Universidade, conversamos com um aluno que estagiava na PRAE [Programa de assistência estudantil] e adicionou meu contato em um grupo específico para moradia em Barra do Garças”. 

 

Quanto à sua permanência diz que nem sempre é possível contar com auxílio institucional. Destaca que até hoje tem dificuldades com as concorridas bolsas ofertadas pela universidade como moradia, alimentação e permanência. Larissa aconselha quem está chegando à cidade sempre conversar com veteranos para obter informações, entrar em grupos específicos para cada necessidade, quanto à moradia, ajuda da UFMT, acesso à alimentação no Restaurante Universitário. 

 

Sobre a mudança, ela destaca a importância de levar somente o necessário, se informar sobre os pontos em que o ônibus da universidade passa no sentido de agilizar o transporte até o campus, e procurar os auxílios que a universidade oferece. 

 

 

Gabriel Green Fusari apresenta

seu TCC (Imagem: Rede social)

 

 

O jornalista recém-formado na UFMT, Campus Araguaia, Gabriel Green Fusari, de 23 anos, conta que precisou se transferir de Novo Horizonte (SP) para Barra do Garças no ano de 2017. Logo que chegou foi hospedado por uma estudante veterana, depois foi morar sozinho. “O lado ruim de morar sozinho é principalmente a responsabilidade de cuidar de uma casa, morando com alguém pode-se dividir tarefas, mas aí você terá problemas de privacidade”.   

Ele comenta que às vezes, por conta da rotina corrida da faculdade e de morar sozinho, terá de fazer escolhas entre adiantar um trabalho e não deixar que sua casa “pegue fogo”, e uma das coisas chatas de morar sozinho ou com amigos é que você cria novos hábitos e ao voltar para casa dos pais se torna um lugar diferente. 

 

A principal dica apontada pelo jornalista a quem está se mudando é: “quando vier, imagine que está começando a vida do zero, dificilmente traga as coisas de onde vier. É bom pensar que é só uma fase, que passará a curto prazo, pois depois que o curso acaba, se torna um empecilho transportar móveis. [Portanto] foque somente no [que é] necessário.”  

 

Green destaca a importância de se tirar alguns dias para visitar as moradias que a pessoa se interessou, fechar negócio depois de analisar bem as condições de localização e lugar. Importante analisar de acordo com as necessidades de cada um, seja de trabalho, lazer, proximidade do centro ou da universidade. 

 

Portanto, a troca de experiências entre formados, veteranos, calouros e docentes neste momento se mostra necessária. A informação deverá reduzir preocupações dos estudantes que iniciam uma nova fase da vida, com o ingresso na graduação longe de casa.