Pesquisa
Redação
Luara Romão
O Campus Universitário do Araguaia, da Universidade Federal de Mato
Grosso (CUA/UFMT), desde agosto do ano passado tem se adequado às condições geradas
pela pandemia do corona vírus, com implantação do ensino remoto. Neste ano de 2021, as atividades de ensino, pesquisa e extensão seguem a distância e com
o aumento de casos na região e vacinação ainda lenta no país fazem com que as
discussões em torno da volta das atividades presenciais não avancem.
Além das aulas da graduação e pós-graduação, o campus Araguaia possui 51
grupos de pesquisa, de acordo com dados da Pró Reitoria de Pesquisa (PROPEq), divididos
entre: Ciências Agrárias (6); Ciências Biológicas (6); Ciências da Saúde (5);
Ciências Exatas e da Terra (7); Ciências Humanas (15); Ciências Sociais
Aplicadas (5); Engenharias (2); Linguística, Letras e Artes (4) e Outros (1).
Pesquisadores da UFMT/CUA procuram se adaptar ao ensino remoto, com realização de eventos e publicações - Imagem: Arquivo Focaia. |
De acordo com o professor de geografia, diretor e líder do Núcleo de Estudos em Currículo, Cultura e Subjetividades (NECSUS), Hugo Heleno Camilo Costa a pandemia trouxe reflexos negativos para os estudantes na pesquisa.
O
trabalho a distância, com uso de ferramentas tecnológicas prejudicou a
interação nas atividade de pesquisa, com entregas de análise de resultados sem o
devido diálogo presencial entre membros de grupos de trabalho, afirma o pesquisador.
No
entanto, pode-se atentar para um reflexo positivo, a oportunidade de realizar
reuniões com diferentes pesquisadores de vários estados e países,
possibilitando interlocução em rede, e, com isso, mais frequentes. Ressalta que
manteve contatos com colegas da África e Europa.
O
professor do curso de Jornalismo e líder dos grupos de pesquisa Estudos de
Linguagem e Mídia e Gênero, Identidade e Sexualidade (Limiar e Gis), Deyvisson Pereira
da Costa, também avalia que “a pandemia certamente impactou em todos os aspectos
a vida universitária; e os grupos de pesquisa não são exceção. Cada um com
certeza tentou diminuir os impactos."
Segundo
ele foi também momento para articular ações em conjunto com outros grupos de pesquisadores
em reuniões, discussões, debates, aulas inaugurais.
O professor Deyvisson Costa avalia
que a ausência de encontros presenciais não
impediu que os grupos que lidera e integra seguissem estudando e pesquisando
juntos, além disso estão no caminho para consolidação do Núcleo de Estudos,
Pesquisa e Extensão em Práticas de Liberdade – Núcleo Libertas.
“Já tivemos uma
aula inaugural das atividades e em breve lançaremos um curso de extensão. Essas
coisas não se produzem do dia para a noite, ou seja, foram elaboradas durante a
pandemia e realizadas ainda durante a pandemia.”
Lucas de Freitas
Santos, acadêmico do curso de jornalismo e participante do grupo de pesquisa Limiar relata que além das questões
tecnológicas, o mais difícil é manter a disciplina no que diz respeito a
leitura e organização dos estudos. “Sendo tudo feito de casa, a pesquisa se torna
uma atividade mais individual ainda, mas é claro que com a ajuda do orientador
isso fica menos difícil de manter.”
Ganhos e
perdas
Hugo
Camilo destaca que, do ponto de vista da integração de pesquisadores e do
aprendizado com uso de ferramentas tecnológicos há ganhos, mas devem ser
avaliadas as perdas, como é o caso da interlocução no período de atividades a
distância.
“Embora
todos possamos estar nas reuniões, a possibilidade de conversa, de diálogo, mais
ampla de debate ela é limitada, pela limitação do aparelho que possuímos,
principalmente os estudantes, e também da qualidade da conexão com internet.
Então as pessoas não podem aparecer e perdemos muito da comunicação, quando
ficamos condicionados à só falar e muitas questões são perdidas, as pessoas não
conseguem interagir como fazemos no formato presencial.”
“Muitos estudantes nesse período e pesquisadores sofreram com esse modo, na qual os mesmos não podem compartilhar, conversar pessoalmente além das dificuldades para terem acessos as tecnologias necessárias e conexões de qualidade, além dos problemas pessoais existentes, tal como desemprego e perda de familiares”, destaca Camilo.
Na visão de Lucas a pesquisa neste período possui uma lado bom
e ruim, “sinto
muita falta da questão presencial que as reuniões de discussões tinham, mas as
reuniões virtuais permitiram, mais do que antes, a interação do Grupo Limiar
com grupos de outras regiões do estado ou de fora dele. ”
Congressos e Publicações
Em um primeiro
momento os eventos de pesquisas foram suspensos quando se acreditou que o trabalho
a distância não se prolongaria, mas diante da impossibilidade das atividades
presenciais, a saída foi a retomada das reuniões, agora remotamente, com
apresentação de resultados científicos. Costa
ressalta que não foi possível realizar seminário do
grupo Limiar em 2020, e, que, por isso, este ano terá duas edições, inclusive informa que o evento está com
inscrições abertas.
Camilo comenta
que a normalidade, apesar de não existir, continua incentivando e motivando
os estudantes e membros dos grupos de pesquisa, principalmente os orientandos
para manter o ritmo de produção, de pesquisa, participação em eventos,
publicações em revista, anais de eventos e capítulos de livro, evitando perdas.
Diante das dificuldades das atividades remotas, surgem os desafios. Nestes quase dois anos, os grupos de pesquisa tiverem seus
altos e baixos para se adaptarem aos meios tecnológicos.
Camilo avalia
que os desafios são grandes para o trabalho acadêmico, neste momento de
pandemia e aulas remotas. Destaca o esforço para realização de algumas
atividades como entrevistas com professores, trabalho de campo e compreensão da
cultura escolar.
Costa comenta
que “a pesquisa é sempre um desafio, uma aposta, uma empreitada sem tantas
garantias. Em pesquisa, as certezas são raras. Inicia-se uma investigação
sempre sem verdades sobre o futuro. A pandemia deu corpo e vida a esse sentimento
de angústia que acompanha a todos nós. Em pouco tempo tudo que se imagina
sólido pode desmoronar.”