Volta as aulas
Agência
Focaia
Redação
Júlia Viana
Sara Ribeiro
Com a pandemia do covid-19, a
educação sofreu uma grande mudança, professores e alunos precisam usar novas técnicas
para dar continuidade no processo de ensino-aprendizagem. Na Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT) isso não é diferente; as aulas retornaram de modo
remoto no dia 10 de agosto e tem gerado debate entre estudantes e professores
sobre a eficácia do ensino de graduação online e flexibilizado.
A estudante do centro acadêmico
de biomedicina do campus Araguaia Gabriella Rocha, afirma que há a
possibilidade de utilizar mais tempo para assistir as aulas. Porque, segundo ela, é possível fazer
anotações, pausar, assistir várias vezes até absorver melhor o conteúdo.
Gabriella foi informada de que, nas matérias ofertadas pelo curso, as aulas “ao vivo” poderiam ser de somente até uma hora no horário predeterminado, para que os estudantes conseguissem se adequar melhor a flexibilização, “esse horário geralmente é usado pra responder dúvidas e bate papos mais interativos sobre as disciplinas” afirma.
De acordo com a estudante, os aspectos positivos do ensino remoto dizem respeito a condição das aulas podem ser vistas várias vezes e os professores se mostrarem bem abertos a ajudar na adaptação, “o ponto negativo é que ainda sim tem dias que estamos sem acesso à internet, ou com ela limitada, e também exige um tempo bem maior de estudo e de concentração, além de estar em casa ter mais distrações e exigir mais tempo.”
No curso da estudante
algumas pessoas ainda estão sem acesso ao sistema Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), evidenciando problemas de funcionamento da plataforma
própria da UFMT para aulas remotas. Como alternativa para o problema, os docentes buscam outras
formas de apresentar conteúdos, como Youtube e Zoom, revela a estudante.
Ela afirma que, no entanto, houve fluidez nas aulas nas duas semanas de atividades, “tudo saiu conforme
o cronograma dos professores,” avalia.
Nova rotina
Nesse
período, os universitários estão lutando para adequar sua rotina à nova
realidade. Luana Fernandes, uma das coordenadoras do centro acadêmico de
Direito, afirma que “a importância das disciplinas é a mesma, e elas devem ser
levadas à sério para nossa capacitação profissional e pessoal. O compromisso
com a matéria é como se ofertada presencialmente, porém impactada pela
pandemia”.
Segundo a
estudante, as aulas de forma remota estão conseguindo desempenhar sua função,
mas apresentam algumas dificuldades de adaptação à nova modalidade de estudo.
Há alguns
pontos levantados pelos alunos em relação as plataformas que travam, dificuldades
de acesso e dúvidas quanto ao uso de algumas ferramentas. No entanto,
“dificuldades com a internet são enfrentadas diariamente por todos em relação
ao sinal, mas a grande maioria, tem desempenhado a função com eficiência”.
De acordo com o Diretório Central
dos Estudantes (DCE) do campus Araguaia, estar havendo exclusão de estudantes
ou não é um tema abrangente, visto que cada colegiado optou por um tipo de
flexibilização.
“Não existe uma resposta geral
que possamos dar, mas permanecemos enxergando falhas nesse tipo de ensino que
podem sim ser excludentes.” Afirma a presidente Flávia Giordano.
De acordo com ela, a principal medida da instituição para tentar combater essa desigualdade no acesso foi a criação do auxílio inclusão digital para atender os alunos que não têm acesso às atividades remotas por falta de internet e equipamentos.
Os estudantes ingressantes na instituição encontram mais dificuldades pelo fato de não conhecerem a dinâmica de funcionamento dos sistemas usados nas aulas, como o AVA. Na perspectiva de resolver o problema o DCE produziu um vídeo para auxiliar esses alunos nas dúvidas gerais disponibilizado na rede social.
Giordano acredita que a
flexibilização dos componentes é positiva para os discentes com pendências,
“esse foi inclusive um aspecto levado em consideração na construção da proposta
do meu curso [Jornalismo}, que priorizou os alunos irregulares e próximos ao
encerramento da graduação.”
A
proposta de flexibilização das aulas, foi bastante discutida na universidade,
envolvendo o corpo docente, que inicialmente trouxe dúvidas e preocupação
quanto à sua efetivação na UFMT. O professor Jorge Arlan, do curso de
Jornalismo do Campus Araguaia, informa que “houve todo um sistema especial
dessa vez, até no período e na forma de fazer a matrícula”.
“Estamos
na fase inicial das aulas, compreendo que não houve tempo ainda para uma
avaliação mais aprofundada da qualidade as aulas, nós estamos ainda trabalhando
para organizar e estruturar as disciplinas”, declara.
De acordo
com o professor, os alunos estão interessados em realizar as disciplinas, “percebi que alguns não estavam se sentindo bem em estarem completamente
parados”.
“Claro
que a situação virtual e trabalho remoto são uma novidade e nós temos que
batalhar bastante para que tenhamos bons resultados e rendimento. Mas a relação
aluno e professor está sendo bem harmônica, há um espírito de harmonia, de
compreensão, porque todos estamos submetidos as mesmas condições novas,
condições um pouco difíceis, fora do nosso padrão convencional, que requer uma
boa vontade da parte de todos os professores e estudantes, e a disposição para
superar as dificuldades que surgirem”, acrescenta o docente.
Férias docentes
Durante as duas últimas semanas
(25/8 a 08/09) ocorrem o período de férias docentes da instituição federal. Durante esse período foi determinado pelo Conselho de Pesquisa Ensino e Extensão (Consepe), que define as normas para os cursos de graduação, não haver aplicação de atividade avaliativa e aulas remotas síncronas (ao
vivo), neste intervalo de tempo.
Aos docentes foram permitidos realizar
apenas atividades gravadas e propor arquivos para estudos dos alunos disponibilizados
no Ambiente Virtual de Aprendizagem. O retorno das aulas remotas em tempo real
(síncronas) ocorrem nesta quarta-feira (9).