Ensino a distância
Agência Focaia
Reportagem
Júlia Viana
A Universidade Federal de Mato Grosso promove debate entre a comunidade acadêmica sobre proposta de retorno das aulas, com ensino a distância com uso de novas tecnologia. Neste sentido, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão realizou na última segunda-feira (25) reunião para discutir a questão, sem, no entanto, chegar a um consenso, por entender que havia necessidade de adequação de procedimentos.
Mas o debate continua em uma nova rodada de
negociação, quando poderá sair decisão para retorno ou não de algumas
atividades pedagógicas.
Na reunião anterior, realizada no dia 6
de maio, o conselheiro do CONSEPE o discente Douglas Guilherme Mendes, do campus de
Várzea Grande, fez considerações sobre a flexibilização da oferta de
componentes curriculares da graduação presencial, durante a Pandemia Covid-19,
gerando dúvidas quanto a procedimentos de normatizações que deveriam ser
seguidos.
Mendes observou que informações apresentadas pela conselheira da
Pró-reitora de Ensino de Graduação, Lisiane de Jesus, durante a reunião não
constavam no processo analisado pelo Conselho. Órgão da UFMT que está à frente
da proposta de retorno das atividades remotas, neste período de pandemia, com
discussão ainda sem consenso entre professores e estudantes.
Segundo ele, os desencontros de informações na proposta dificultariam
defender a flexibilização das aulas, baseada numa resolução com apenas cinco
artigos. Por isso, solicitou que proposta completa retorna e fosse apresentada
para discussão nas unidades.
Os conselheiros na reunião entenderam que havia um erro de procedimento,
cuja proposta, formalizada no texto de Resolução, é que foi analisada pelas
faculdades, institutos e cursos, diz respeito à primeira apresentação. A minuta
é uma espécie de rascunho de texto para normatização de procedimentos sobre as
atividades de ensino, neste a distância na UFMT, caso seja aprovada para o período de pandemia, com distanciamento social.
Por ser uma questão a depender de decisão coletiva da UFMT, o texto
apresentado pela PROEG, depois substituído no documento, gerou muita discussão
e impasse sobre a legalidade de uma deliberação com base num suposto erro de
trâmite processual. Dessa forma, ficou deliberado que a discussão sobre
flexibilização retornasse para as Unidades para análises, cujos resultados
devem novamente passar por discussões pelos membros do CONSEPE, no dia 8 de
junho.
pandemia do novo coronavírus. Imagem: arquivo Focaia.
Ponto de vista
De acordo com o professor Fernando Pedroni, do Campus Araguaia, que é a favor da flexibilização do ensino a distância durante a pandemia, “o uso de Tecnologias da informação e comunicação (TICs) pode ser uma boa alternativa para manter a Universidade e seus estudantes mobilizados”.
Ele afirma, no entanto, que é preciso amparar os estudantes vulneráveis que não têm acesso à internet. Como analisa, existe a possibilidade de fornecer, com recursos da assistência estudantil, pacotes de dados ou fazer empréstimos de equipamentos para aqueles que não têm computadores em casa. Como avalia é tempo de “encontrar as melhores alternativas”.
A professora e coordenadora do curso de geografia, Carline Trentin, tem posicionamento contrário ao retorno das aulas por TICs, por considerar principalmente, os problemas de infraestrutura, a falta de acesso à rede por parte dos estudantes e o fato de muitos deles não possuírem dispositivos adequados.
Ela ressalta que há “ausência de meios materiais e formação para que estudantes e docentes possam utilizar os recursos com impactos na qualidade da formação profissional". Sobre as atividades pedagógicas Trentin ressalta a impossibilidade de realização de atividades práticas, levando em consideração as especificidades do curso, causando o agravamento de processos de exclusão na universidade pública.
Melissa Nakamura, coordenadora do Centro Acadêmico de Jornalismo, afirma que muitos estudantes do campus não têm condições de estudar remotamente, e que os membros do Centro Acadêmico acreditam "que uma universidade pública deve ser inclusiva, e a flexibilização não é inclusiva.”