Estudantes promovem debate sobre minorias na universidade, com objetivo de formar consciência sobre as diferenças sociais
Evento acadêmico
Agência Focaia
Redação
Barbara Argôlo
Foto: Barbara Argôlo
Integrantes do coletivo feminista da
UFMT/CUA discute o lugar
de fala da mulher numa sociedade machista
O evento “Por uma vida não
fascista”, teve início na quarta-feira (23) como parte do calendário de mobilizações,
organizado pelo grupo de pesquisa Limiar e pela disciplina de Movimentos
Sociais do curso de Comunicação Social (jornalismo) da Universidade Federal de
Mato Grosso, Campus Araguaia, dando visibilidade a grupos de minoria, como quilombolas, mulheres, indígenas, alguns com militância na universidade.
A primeira roda de conversa
com tema “Quilombolas nas Universidades: sujeitos ou ‘objetos’ de pesquisa” teve
como convidadas as militantes Laísa da Silva Santos, da comunidade Kalunga de
Cavalcante (GO) e Marta Quintiliano da Comunidade Vó Rita, do quilombo urbano
de Trindade (GO), ambas alunas da Universidade Federal de Goiás e mestranda em
Antropologia Social.
Para Quintiliano eventos
como esse são importantes porque dão voz e visibilidade para pessoas que muitas
vezes “não conseguem alcançar esse universo branco e eurocêntrico e que separa
quem pode de quem não pode falar”. Segundo ela, esses eventos fortalecem o
diálogo sobre outras formas de pensar e apresentar proposta de uma universidade
plural. Segundo ela, colaborando para que seja realizada uma troca entre o
quilombola, o indígena e outras culturas, não hierarquizando as culturas, mas
colaborando entre si, com relacionamento entre culturas diversas.
Numa referência à
universidade pública que gera ambiente de conhecimento e consciência dos
direitos sociais, Quintiliano afirma ainda que “ter uma formação acadêmica para
as estudantes quilombolas ultrapassa um título superior ou acréscimo salarial.
O desejo é levar (às pessoas) os direitos que foram negados pelo poder público (como)
saúde, educação e melhores condições de moradia”. Ela estaca a importância das
oportunidades de ingresso na universidade para as comunidades que possuem menos
visibilidade.
Coletivo feminista
No período noturno ocorreu a
roda de conversa com o coletivo feminista da UFMT/CUA. A mesa foi composta
pelas acadêmicas Joice Luana, Melissa Nakamura e Suzana Ataíde, estudantes do
curso Jornalismo na UFMT Araguaia, debatendo sobre o lugar de fala da mulher, o
assédio sofrido cotidianamente e o silenciamento.
De acordo com Joice Luana,
antes de começar qualquer debate, nós deveríamos nos questionar porque o
feminismo deve existir, da necessidade de criar coletivos para discussão do
assunto em pleno século XXI. “A gente (mulher) precisa ter o direito de existir
e entender que outras pessoas existem.”
“O que todos os homens
podem, e devem fazer é respeitar o nosso lugar de fala, e, quando nosso lugar
de fala não estiver sendo representado por uma mulher, o máximo que eles podem
fazer é reprimir um outro homem que esteja cometendo um ato machista,
subjugando e silenciando a mulher” ressaltou Joice.