Manifestação: Estudantes da UFMT Araguaia defendem pontos de ônibus entre as unidades do Campus

Manifestações

Agência Focaia
Reportagem
Vasco Aguiar


     Fotos: Vasco Aguiar
Estudantes da UFMT/CUA se manifestam contra mudanças no transporte universitário 

Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Universitário do Araguaia, participaram na última sexta-feira (24) de protesto contra medidas da pró-reitoria da UFMT/CUA, que visa impedir pontos de parada dos ônibus universitários no percurso entre as duas unidades do campus, nas cidades de Pontal do Araguaia e Barra do Garças. O argumento dos manifestantes é de que a mudança no transporte impediria muitos alunos de obter acesso à universidade, diante dos custos diários com passagem em ônibus convencionais.

A manifestação ocorreu de maneira pacífica. Teve início às 11:30h, quando os dois ônibus universitários chegaram à portaria da unidade II do campus, em Barra do Garças. Assim que os motoristas dos ônibus avistaram a barreira feita pelos estudantes, com gritos de ordem e cartazes, pedindo a manutenção das paradas e melhorias no transporte universitário, recuaram, fazendo com que os alunos que estavam dentro dos veículos, desembarcassem antes da portaria. Estes logo aderiram à manifestação, juntando-se aos que estavam do lado de fora. A partir de aí todos seguiram juntos até o Restaurante Universitário, onde continuaram a pedir com gritos de ordem a manutenção do transporte universitário com os tradicionais pontos de parada.

Segundo o acadêmico do curso de jornalismo e um dos líderes do protesto, Jessé Santos, o objetivo é fazer com que os próprios alunos acordem para as necessidades de lutar pelos direitos adquiridos, além de despertar a sociedade. Para ele, é importante que atos deste tipo sejam divulgados, pois decisões tomadas dentro da universidade também refletirão na rotina daqueles que não estudam na UFMT, como os cidadãos que usam o transporte coletivo em Barra do Garças. O que se espera, segundo o estudante, é dar um choque de realidade nas pessoas, tanto os acadêmicos da UFMT, quanto da sociedade em geral.

Graduando do curso de Ciência da Computação, Renato Barbosa participou do movimento estudantil e também acredita que “a função de manifestações deste tipo é fazer com que os estudantes da universidade fiquem informados do que está acontecendo no campus, por isso, a necessidade de fazer estes atos públicos”.
                                                 Estudantes da UFMT/CUA em protesto na Unidade II, em Barra do Garças.
Reflexos

Jessé Santos diz considerar importante mostrar à sociedade que os ônibus universitários são peças fundamentais para que os alunos tenham acesso à educação, na UFMT Araguaia, e tirar os ônibus dos estudantes é também negar a eles a própria educação. Segundo o acadêmico, existem pessoas dentro da universidade que dependem diretamente do ônibus, e terão muitas dificuldades para custear uma passagem de R$ 3,60, diariamente, em transporte coletivo. Segundo Santos, na comunidade acadêmica há estudantes que dependem do ônibus, assim como do restaurante universitário para realização de seus estudos.

Barbosa também concorda com afirmações de Santos sobre ao acesso ao campus. “Os estudantes que não tiverem como arcar com os custos do transporte até a universidade, serão obrigados a abandonar os estudos”. Para ele, as medidas do pró-reitor atingem os estudantes mais pobres do campus. “Justamente aqueles que a curto prazo já não terão como se locomover até o campus, acabarão desistindo da universidade, isso é muito ruim”.

Santos demonstra preocupação dos acadêmicos de que, ao tirarem as paradas dos ônibus, poderá inviabilizar o “RU” no modelo como é hoje. Segundo ele, com a redução do fluxo de estudantes no estabelecimento, com refeições oferecidas atualmente ao preço de R$ 1,00, não compensará à empresa prestadora do serviço manter o valor cobrado, mesmo com subsídios do governo.

Politica administrativa

Santos (foto ao lado, em entrevista à imprensa local) questiona as razões porque durante cinco anos esses ônibus circularam, irregularmente ou não. O estudante indaga o motivo destas determinações acontecerem agora, como medida da nova gestão da pró-reitoria, com posse em outubro passado.
O estudante Renato Barbosa acredita que os atos afetam a pró-reitoria, da administração do professor Paulo Jorge da Silva, à medida em que, quanto mais informados estejam os alunos do campus, mais conscientes da real situação, maior deverá ser a pressão para que a situação em debate seja revista pela gestão do Campus do Araguaia.

Migração para a periferia

O líder estudantil Jessé Santos, acredita que, com a mudança no transporte poderá ocorrer migração de estudantes da universidade que moram no centro para áreas vizinhas à Unidade II. “Eles acabarão migrando porque não terão condições de se deslocar do centro até a unidade em Barra [do Garças]”. Ele explica que esta mudança compulsória pode acarretar problemas sociais. “Nós sabemos que os bairros próximos à unidade II não são tão seguros, sabemos que nesta região existem problemas com iluminação pública, segurança pública, esses problemas podem ser agravados quando aumentar o fluxo de pessoas para estas áreas".                                                                                                                           
Estudante do curso de Engenharia Civil, Pedro Soares, descarta a mudança para a região da universidade por considerar não haver estrutura básica para viver ali, “é uma região periférica afastada de tudo, não existem serviços suficientes, e o pouco que existe é muito caro, viver no centro é mais barato para estudantes com pouco dinheiro”, conclui.