POLÍTICA DO GOLPE NA MÍDIA

Por Antonio Silva.

Sempre devemos considerar diferentes, empresa de mídia, Jornalismo e jornalista. Embora estes limites sejam muito visíveis na sociedade, mas em alguns momentos de exaltação misturam-se os conceitos e tudo vira sinônimo. Mas, de fato, as empresas de comunicação, nos destaques de páginas, na seleção dos fatos e enquadramentos notoriamente, há alguns meses, são favoráveis à saída da presidente Dilma Rousseff do governo, e trabalha intensamente para esta finalidade com seus personagens públicos.

As coberturas e destaques são muitos distintos para os dois lados e suas ramificações, com construção de heróis em favor do impeachment. Neste sentido, o Brasil na mídia é pura crise de representação para a política e economia, sobretudo, com destaque também para o Congresso Nacional. Em outras palavras o povo está sem nenhuma representação e ainda por cima, percebendo a corrupção aparecer por todos os lados, envolvendo desmesuradamente o governo Federal.

A questão que leva a este sentimento por também estar relacionado com a apuração, pois há informações veiculadas antes da apuração mesmo que dita pela justiça, a qual incendeia os veículos de comunicação, com dados que ainda estão sob apuração. Como há predisposição à condenação, a visão que se tem do fato nos jornais é que está consumado, quando na verdade muitos desses dados continua ainda em procedimentos de investigação. Como sabemos, na justiça tudo é muito moroso e leva tempo. Mas não é o caso das informações sobre a corrupção nas instituições públicas.

A preocupação é a mudança dos procedimentos: primeira se condena depois analisa ser tem fundamentos os delitos. Assim, primeiro se resolve questões de interesse político e depois fala-se da justiça

No final desta história muitas informações virão à tona, com os meios de comunicação se dizendo ser levado pela onda para os erros neste e naquele lugar, que a sociedade deve desculpar o tempo do jornalismo, etc. Como exemplo o apoio da Rede Globo aos governos militares, depois as desculpas. O mea culpa sobre debate histórico entre Collor e Lula e tal.

A corrupção deve ser combatida, de modo a permitir a moralidade das instituições brasileiras para que sejam definitivamente democráticas. Assim, permitir que os mais pobres, de fato, tenham representação na repartição da riqueza (distribuição de renda) e poder (direito) de participação. Talvez seja mesmo uma tomada de decisão tardia no Brasil, que se arrasta por tempo imemoriais, infelizmente. Mas a dúvida é se realmente em questão está a corrupção, neste instante político e na onda do conservadorismo.

Devemos atentar pelo fato de que, os meios de comunicação sendo quem apura e leva os fatos à sociedade, constroem a própria realidade, por onde as pessoas se informam, sobretudo no tempo presente. Sua responsabilidade pública é sumariamente necessária, sob o peso de causar desigualdades de injustiça social a ser lamentada eternamente. A população deveria conhecer melhor a comunicação e que, por vezes, se torna a sua, a que vem das mídias.

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Antonio Silva é Jornalista e Professor UFMT, Campus Universitário do Araguaia - CUA.