NOTÍCIAS DA VIOLÊNCIA

Por Antonio Silva

Assustador a quantidade de informação, em toda rede de comunicação do país, sobre o aumento da violência, nas suas diversas modalidades. Portanto, apesar da visão de haver o descontrole da ordem em alguns lugares, de fato, majora-se o índice de crimes e ilegalidades de toda sorte. Para um olhar rápido, o senso comum vem à tona: “sempre foi assim, desde que o mundo é mundo”. Mas será mesmo? Nada no ar?

As Fronteiras – A imagem pode não ser verdadeira, mas a realidade mais possivelmente.
A violência talvez seja mesmo os reflexos de algum gene, que fica escondido no meio de uma teia de células que faz o ser humano funcionar, carregando com ele de geração em geração, desde a sua origem. Uma defesa orgânica para a sobrevivência. Porém, como forma de preservar a vida, se estabelece à organização social, ou seja, define-se um contrato entre os milhões de indivíduos. Quando esta relação se rompe, certamente estamos em meio ao caos. Explicações existem em grande proporção para justificativa para esta ruptura.

Uma delas merece atenção, a falta de representação política destes milhares de pessoas, que vivem em um mesmo espaço com condições muito diferentes para a sobrevivência. Muito já se falou que a pobreza, diferenças de renda, não é razão que explique a violência, em qualquer lugar. Está correto, certamente é um bom argumento. Pode ser, no entanto, é importante não levar uma maioria para a miséria, deixando somente para a religiosidade e o espetáculo industrial como recurso de ligação entre pessoas conscientes.

Deste modo, dois lugares merecem observação: a política e a economia.
Lugar comum observar relação entre ordem política e o desenvolvimento econômico, porém, nos últimos anos, a questão se aprofunda e se faz importante. Pois, as decisões dos governos eleitos, representantes de comunidades bem particulares, no final mantém mais relações com outras comunidades, bem mais distantes, muitas vezes do outro lado do mundo.

O dinheiro, cada vez menos fundamental, como papel, levando os representantes sociais a busca incessante por notoriedade e poder, a nova moeda com valor. Mesmo assim, revela-se responsável pela vida particular de muitos, deixando dezenas de milhares com papel moeda para ter coisas (muitas vezes nem isso), contudo, impotentes e submissos a alguns afortunados. Estes cada vez em menor número, parece verdadeiro.

A população, à margem da representação política e econômica, continua por séculos e, ainda hoje, despossuída e sem poder, em tempos de mais informação, riquezas e tecnologia.


Possivelmente falte mais política, que represente na contemporaneidade a sociedade local, no global para a igualdade, democracia e poder social. Pode ser!

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Antonio S. Silva é Jornalista e Professor da UFMT/CUA.