Para ombudsman, Folha “corre o risco de ficar cada vez mais dispensável”

A reformulação da Folha de S. Paulo que uniu em três cadernos de editorias antes separadas e eliminou seções e colunistas foi abordada pela ombusdsman do jornal, Vera Guimarães Martins, que está no veículo desde 1990. Com o título “Os desafios do jornal enxuto”, o texto publicado no domingo, 7, tratou das consequências da mudança.

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folhasaopauloFolha de S. Paulo promoveu reformulação em abril 
“Não será fácil conciliar consistência informativa e analítica num espaço cada vez mais reduzido”, escreveu Vera. O caso aconteceu em abril, mas o tema foi resgatado para “dar voz às dezenas de leitores que escreveram para expressar raiva, desencanto e perplexidade”, conforme divulgou a jornalista.

As modificações resultaram no corte de espaço para ‘Esporte’, que acabou reduzido a uma página às terças e sextas e duas páginas às quartas e quintas. Os 125 colunistas do jornal passaram a escrever apenas no site. Somente Clóvis Rossi, dos seis de ‘Mundo’, segue no impresso.

Os leitores questionaram se a intenção do veículo de comunicação é migrar para a versão eletrônica. Para a ombusdman, ainda que o cenário mundial seja de perda de assinantes e anunciantes, “o impresso ainda é a joia da coroa em faturamento e prestígio”. Ela ainda afirma que os leitores reclamam com razão, já que os textos estão cada vez mais curtos.

“A meta é que os textos noticiosos já tragam embutidas análise e interpretação”, informa a direção de redação. Para Vera, isso não está sendo feito. “Se continuar como está ou não for eficiente na transição da cobertura, a Folha será enxuta, mas corre o risco de ficar cada vez mais dispensável”, opina.