Para conseguir documentar da forma mais leal possível o
cotidiano de leões selvagens, o premiado fotógrafo Michael Nichols passou 2
anos capturando imagens e vídeos com a ajuda de drones e robôs na Tanzânia. O
que resultou em mais de 240 mil fotos, 200 horas de vídeo e uma reportagem
especial na revista National Geographic.
Robô
controlado por distância tem mais de 4 câmeras acopladas para capturar imagens
de bem perto (Foto: Reprodução/YouTube)
Uma questão que deveria servir como base para a construção
dessa reportagem era a forma como os animais seriam apreciados, já que a ideia
era retratar de forma natural o comportamento de um grupo de leões da região.
Para isso a presença humana se tornou um obstáculo, não só pela reação dos
predadores, mas também pela coragem do próprio fotógrafo. “Eu não poderia
suportar fotografar os leões olhando diretamente para eles. Isso faz mal ao meu
estômago”, contou Michael para a revista.
Fotógrafo
usou robôs e drones para tornar os registros mais intimistas (Foto: Divulgação)
É claro que a segurança de toda a equipe também era pensada,
e apesar da possibilidade de se registrar tudo de longe com lentes apropriadas,
a National Geographic resolveu deixar tudo mais interessante e propôs o uso de
drones, robôs e luzes infravermelhas para capturar o que fosse preciso.
Juntamente com o cineasta Nathan Williamson, Michael deixou
que um pequeno robô equipado com câmera fabricada pela Robot Superdroid,
empresa especializada em desarmar bombas remotamente, chegasse bem perto dos
leões para fotografá-los pelo chão, e um “helicóptero robô” equipado com uma
câmera Canon fizesse imagens aéreas. Monitorando tudo, os dois se instalaram em
uma Land Rover customizada, estacionada nas redondezas, capturando imagens de
perto e controlando os robôs.
Leões
se adaptaram rapidamente à presença dos drones e logo voltaram a se comportar
normalmente (Foto: Reprodução/YouTube)
No início, houve um período de adaptação dos leões com o
equipamento antes de voltarem a se comportar normalmente, o que segundo Michael
não demorou muito. “Primeiro eles ficaram desconfiados, mas depois de 5 ou 6
visitas todos eles já dormiam com isso”, relatou.
A preocupação em não incomodar muito os animais também levou
a equipe a utilizar uma câmera infravermelha lançada do teto da Land Rover para
capturar imagens noturnas, afinal, a noite é o período em que os leões mais tem
atividades, pois é a hora da caça. Isso também reduziu as condições de trabalho
de todos. Na escuridão, muitas vezes capturavam cenas acreditando ser, por
exemplo, uma manada de zebras, quando na verdade era apenas uma pilha de
pedras.
Luzes
infravermelhas garantiram capturas noturnas sem perturbar os animais (Foto:
Divulgação)
Michael acredita que não seja possível realizar o mesmo
trabalho com outros animais como elefantes. A forma como os leões encararam a
presença dos robôs possibilitou que a equipe seguisse o grupo de longe. E mesmo
os predadores sabendo que aquilo não era normal, de forma alguma entenderam a
presença das máquinas como uma ameaça.
Veja o vídeo das "máquinas" usadas nas capturas:
Embora, o uso de drones e robôs tenha sido, nesse caso, para
fins jornalísticos e apreciativos, esses mesmos equipamentos têm sido vistos
como alternativas interessantes para a proteção da fauna e flora pelo mundo.
Pesquisadores do Quênia exemplificaram a importância disso adotando drones
aéreos não tripulados para monitorar áreas onde ocorre caça ilegal de
rinocerontes, enquanto uma equipe de TV
pôde documentar a região do Serengeti usando o mesmo tipo de tecnologia.