Por Antonio S. Silva
Resta saber quem consegue melhor se
articular para obter mais capital simbólico para a defesa do público brasileiro.
A ponderação vale para esta semana, o que pode definir as eleições
As eleições presidenciais
entram na reta final para o primeiro turno e com indefinições para o segundo.
Sob o calor das pesquisas de final de semana, Dilma Rousseff(PT), consegue se
manter com índice de popularidade para uma singular vantagem nesta primeira
etapa, mas com atenção redobrada para o que vai ocorrer depois, caso se efetive
a segunda etapa, quando os números fazem referência a dois nomes no quadro
eleitoral. Parece o mais provável que a petista enfrentará Marina Silva (PSB).
A hora se definir o jogo é agora, no entanto; quando o eleitor passa a observar
com mais cautela o cenário e escolher o seu representante para o Palácio do
Planalto.
Aécio Neves (PSDB) sofreu uma depressão nos números com a
entrada de Marina – em meio às emoções da morte de Eduardo Campos e a novidade
na perene rivalidade PSDB/PT) - , e de lá para cá, não conseguiu oferecer
riscos aos marinistas, na realidade concorrendo diretamente na faixa ideológica
dos mesmos eleitores, sobretudo nas maiores cidades brasileiras e com maior PIB
– principalmente no início do declínio da pessebista. Melhora o índice de
Aécio, perde eleitores Marina, nesta lógica substancialmente.
Nas últimas
semanas, o tucano preferiu fazer campanha na sua terra natal, no sentido de
evitar perder o poder simbólico político no seu estado, tentando melhorar seus
números e do aliado, Pimenta da Veiga, contra o petista Fernando Pimentel, afinado
com o grupo dilmista, com chances de vencer no primeiro turno.
No final, Aécio Neves deverá conquistar mais espaço nesta
disputa, melhorando os seus índices de popularidade na reta final, e se não
passar para o segundo turno, maior probabilidade, tornará apoio importante para
segundo turno, diante de disputa acirrada, como se prevê entre Dilma Rousseff e
Marina. Cobrará o seu preço, e o mais correto é dar apoio à candidata do PSB,
considerando a filosofia ideológica do partido. Assim, será um peso que poderá
equilibrar a balança em favor de Marina, que já conta com isso para uma disputa
dura contra o PT, que tem Lula da Silva na disputa, em favor de Dilma Rousseff.
Portanto, o segundo turno – se houver – deve estar no
radar das campanhas, exigindo uma análise complicada de fatores, para uma
previsão razoável. Fato, é que Marina Silva está convivendo com o imponderável,
ao ser uma candidata com origem petista, com perfil de esquerda, com mais
identificação com partido do que a própria oponente, mas que vai caminhando
decididamente para a direita do espectro ideológico.
Assim, sacrifica sua
origem e discurso em razão do apoio empresarial, donos do grande PIB nacional e
com interesses econômicos, que dependem da União para cimentar os negócios no
país e exterior. Se ganha de um lado pode perder de outro, o fio da navalha.
Pode obter mais estrutura, mas com menos eleitores que se identificam com o seu
perfil conquistado ao longo de anos.
Nesta linha de raciocínio está a defesa de
Marina da independência do Banco Central, em tempos de competição global e
sistema financeiro com vigorosa pressão nos países em desenvolvimento, em razão
de uma crise econômica global. Neste meio estão às conversas com o agronegócio,
outrora de rivalidade e oposição. Além das causas de comportamento religioso e
social, como a criminalização do casamento entre pessoas de mesmo sexo.
Dilma Rousseff e o PT fazem as contas. Para quem vão os
votos de Aécio Neves, na virada? Certamente em grande proporção para Marina,
mas em que quantidade? Portanto, sua disputa é com os votos tucanos, de modo a
garantir sua vitória. Assim, precisa impedir que os votos perdidos por Marina migrem
simplesmente para o mineiro, neste momento. Chegada a hora de convencer o
eleitor mais a direita do seu projeto de governo, sem esquecer que faz um
discurso efetivamente de centro esquerda, enfrentando a força do mercado com
interferência na união. Seu discurso se estrutura no atendimento às pessoas que
precisam de um estado nacionalista e forte.
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Antonio S. Silva é Jornalista e professor da UFMT - Campus Barra do Garças.