Terra pode estar no meio de 'onda de extinção', alerta revista 'Science'

Edição da revista reuniu estudos sobre o desaparecimento de animais.
Pesquisas apontam para consequências graves para o homem.


Da France Presse
Muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), que vive na Mata Atlântica, é um dos animais citados pela 'Science': primata está desaparecendo dos ecossistemas tropicais (Foto:  Pedro Jordano/Science/Divulgação)Muriqui-do-sul ('Brachyteles arachnoides'), que vive na Mata Atlântica, é um dos animais citados pela 'Science': primata está desaparecendo dos ecossistemas tropicais (Foto: Pedro Jordano/Science/Divulgação)
Enquanto o número de seres humanos na Terra quase dobrou nas últimas quatro décadas, o número de insetos, lesmas, minhocas e crustáceos recuou 45%, revelaram cientistas nesta quinta-feira (24). Além disso, a maior perda de espécies selvagens grandes ou pequenas em todo o planeta pode ser uma importante causa da crescente violência e inquietação, destacou outra pesquisa publicada pela revista "Science", como parte de uma edição especial sobre o desaparecimento dos animais.
Na introdução da edição, a revista destaca que a Terra já sofreu cinco grandes eventos de extinção em massa e que, neste momento, podemos estar passando pela "sexta onda de extinção".
Os cientistas atribuem o declínio de invertebrados a dois principais fatores: a perda de habitat e as mudanças climáticas globais.
Extinção e violência
Segundo eles, este declínio planetário de espécies selvagens pode estar provocando mais conflitos violentos, crime organizado e trabalho infantil ao redor do mundo.
As razões para esta intensificação se devem à escassez de alimentos e à perda de empregos, resultando em mais tráfico de pessoas e outros crimes, destacou o estudo, realizado por cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley.
"Este artigo identifica o declínio da vida selvagem como uma fonte de conflitos sociais e não um sintoma", disse o principal autor do estudo, Justin Brashares, professor associado de ecologia e preservação da UC Berkeley.
"Bilhões de pessoas dependem direta e indiretamente de fontes silvestres de carne para seu sustento e este recurso está diminuindo", acrescentou.
O estudo destacou, por exemplo, que o aumento da pirataria na Somália se deveu a disputas sobre os direitos de pesca. "Para pescadores somalis e para milhões de outros, os peixes e os animais silvestres são o único meio de sustento, portanto quando isto foi ameaçado por frotas pesqueiras internacionais, medidas drásticas foram tomadas", afirmou o co-autor do estudo, Justin Brashares.
Os cientistas também apontaram para o aumento do tráfico de presas de elefantes e chifres de rinocerontes como uma evidência da crescente indústria criminal vinculada aos animais ameaçados.
"As perdas de espécies selvagens puxam o tapete de sociedades que dependem desses recursos", afirmou o co-autor do estudo, Douglas McCauley, professor assistente da Universidade de Santa Bárbara.
"Não estamos apenas perdendo espécies. Estamos perdendo crianças, dividindo comunidades e incentivando o crime. Isso torna a preservação de espécies selvagens um trabalho mais importante que nunca", concluiu.
Fonte: G1