Oficina – A mídia justiceira: o jornalista como promotor e juiz; II Simpósio de Jornalismo e Direito


Simpósio de Jornalismo e Direito 2013

 

Importância da apuração jornalística e da responsabilidade ética

Ontem, quarta-feira (28), aconteceu no II Simpósio de Jornalismo e Direito do Araguaia, na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia, a Oficina “Mídia Justiceira: o jornalista como promotor e juiz”, ministrada pelo professor da própria instituição Gesner Duarte. Em um primeiro momento o jornalista definiu as atribuições do juiz e do promotor no Judiciário, ressaltando que, simbolicamente, a mídia assume tais funções. “Principalmente nos casos de grande repercussão popular, aqueles que envolvem crimes hediondos”, afirmou Gesner. 

O papel de fazer a justiça compete ao judiciário, mas quem legitima as ações da mídia é o público. O professor discutiu  a iniciativa da mídia em trazer à tona casos delicados de investigação, muitas vezes sem a devida checagem e apuração. Hipoteticamente, vários são os motivos, entre eles, a inoperância do Judiciário e até mesmo a busca por audiência ou lealdade à linha editorial. 

Segundo o jornalista, a falta de apuração exaustiva, principalmente em casos de grande comoção popular, pode provocar o estrago na vida daqueles que estiverem submetidos às acusações. Para ilustrar a reflexão, ele trouxe um caso conhecido, o da Escola Base, que aconteceu em São Paulo em 1994.

Nesse caso, a participação intensa da mídia resultou numa grande repercussão popular, baseada em declarações do delegado que conduziu as investigações e que não conseguiu nenhuma prova contra os sócios da escola, acusados de abusar sexualmente dos alunos do ensino infantil. Conclusivamente, 19 anos depois, os acusados na época (que já foram inocentados pela justiça) ainda sofrem os prejuízos acarretados por uma cobertura jornalística que em nenhum momento se preocupou com a checagem e apuração dos fatos. Gesner alertou que “a mídia e a imprensa são as caixas de ressonância da sociedade”. 

A mídia nunca pode se precipitar na tentativa de conseguir um furo de reportagem. O que se espera é uma postura diferente desses profissionais, uma vez que esses meios de comunicação têm grande influência no julgamento (tribunal do júri) ao incitar a opinião pública. “A mídia tem que desempenhar um papel fundamental da sociedade, que é a responsabilidade ética no tratamento do outro. Vivemos num estado democrático de direito que tem nos dado grandes conquistas, e não podemos jogar tudo isso no lixo por irresponsabilidade profissional”, concluiu Gesner Duarte.



 Texto e fotos: Lázaro Gomes, acadêmico do 7º semestre do curso de Jornalismo da UFMT Araguaia