Carta Capital/Agência Brasil
Por Luciene Cruz
Cimi aponta crescimento de 237% na violência contra os índios
De acordo com o levantamento, 60 índios foram assassinados em 2012 no país
Por Luciene Cruz
A maioria das formas de violência cometidas contra as
comunidades indígenas teve crescimento em 2012, conforme dados
divulgados nesta quinta-feira 27 pelo Conselho Indigenista Missionário
(Cimi). De acordo com o relatório, houve crescimento de 237% na
categoria violência contra a pessoa - que engloba ameaças de morte,
homicídios, tentativas de assassinato, racismo, lesões corporal e
violência sexual – no ano passado, quando comparado com os casos
registrados em 2011.
O levantamento aponta que, em todo o Brasil, foram
registradas 60 homicídios contra a população indígena. O número
representa nove mortes a mais que as registradas no ano anterior. O
maior número de ocorrências ocorreu em Mato Grosso do Sul, com 37 casos.
Na sequência, aparecem Maranhão e Bahia, com sete e quatro casos,
respectivamente. Segundo o Cimi, nos últimos dez anos, ocorreram cerca
de 563 assassinatos de índios no país.
Os casos de violência contra o patrimônio aumentaram
de 99 para 125, utilizando a mesma base de comparação, o que representa
aumento de 26%. Considerando a violência por omissão do poder público,
foram relatados cerca de 106,8 mil casos. O número significa acréscimo
de 72% ante 2011.
Na avaliação do presidente do Cimi, dom Erwin Kräutler, a repetição e
o aumento da violência contra a população indígena podem ser atribuídos
à “omissão por parte dos estados” na demarcação das áreas indígenas,
provocando atraso no processo.
“Em vez de falarmos em diminuição, lamentamos dizer
que as situações se repetem e houve aumento de diversas formas de
violência. O maior problema é a falta de demarcação de áreas indígenas.
Não tomar providência em relação à delimitação das áreas indígenas
significa escancarar as portas para qualquer tipo de invasão. Invasões
que geram mortes”, enfatizou.
Os números fazem parte do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas. O
estudo destaca ainda que, das 1.045 terras indígenas, 339 estão sem
providências de demarcação e outras 293 estão em análise. O relatório
aponta também que, no caso de violência relacionada à omissão do Poder
Público, houve crescimento na falta de assistência à educação escolar
(18,8 mil vítimas), à saúde (80,4 mil vítimas) e disseminação de bebidas
alcoólicas (254 vítimas).
Os dados foram obtidos a partir de relatos e
denúncias dos povos e organizações indígenas. Informações levantadas
pelas equipes de 11 regionais do Cimi, notícias veiculadas pela imprensa
e dados de órgãos públicos que prestam assistência às comunidades
também serviram de base para o relatório.
Reportagem publicada originalmente na Agência Brasil