Futuro do Jornalismo na rede

O que se percebe ainda é a dificuldade de se chegar a um denominador comum quando o assunto é jornalismo e internet. Mas todos reconhecem que os desafios são muitos, sobretudo das escolas de jornalismo e profissionais atuantes

Por Antonio Silva
Foto CA de Jornalismo PUC/GO - da esquerda para a direita: Antonio Silva (UFMT, mediador); Jornalistas debatedores: Honório Jacometto, Pablo Kossa e Bruno Hermano.
Em debate na Pontifícia Universidade Católica de Goiás em Congresso promovido pelos estudantes do Centro Acadêmico de Jornalismo, na terça-feira (28), deu mostras dos difíceis caminhos dos profissionais de imprensa com a amplitude das redes sociais. Um dos desafios que tira a noite de sono não somente dos jornalistas que atuam nos meios de comunicação, como também os intelectuais que pensam os currículos dos cursos de comunicação no Brasil. Talvez seja mesmo um tempo de crises, que visa adequação ao ingresso da imaterialidade da internet nas narrativas dos fatos.

A quantidade de informação que a cada dia chega à casa das pessoas vinda pelo mundo torna o planeta apenas uma pequena ilha, na qual se pode conversar com facilidade independentemente do lugar onde se está. A comunicação se faz instantânea sem considerar, portanto, tempo e lugar. Todos falando com todos, potencialmente. Se antes existiam alguns jornais, TVs e rádios, gerando mensagens informativas, na atualidade a rede se encarrega das trocas de mensagens, em grande parte. Sendo que para muitas delas a mídia tradicional leva semanas para ter conhecimento dos fatos.

Apesar de tudo isso surge questões importantes, afinal, há profundidade nas informações no jornalismo que adere ao modelo instantâneo da rede on-line – e mais a internet é acessível a todos no Brasil? Para o jornalista Pablo Kossa, do Jornal Diário da Manhã e da Rádio Interativa, não exatamente. O que é pior os jovens aderem às novas tecnologias para uma sociedade que pode se tornar o conhecimento apenas superficial. Não se pensa, afirma ele, em ler massudos livros do pensador comunistas Karl Marx, mas observar os fatos sociais com mais profundidade. Talvez não seja o que se vê na rede social.

As fontes se mostraram uma questão importante para o jornalista da TV Anhanguera, Honório Jacometto. Afinal, como inseri-las nas matérias, considerando a quantidade de pessoas que falam nas redes sociais? Como dinamizar as vozes das pessoas nas notícias, quando se está em campo? Não há dúvida que o critério tempo continua sendo importante, avalia Jacometto, afinal ainda é indispensável ter convicção da autoridade da fonte e checar com rigor as informações que são passadas para o telespectador. Como sugere, mesmo com a rede social, o jornalismo precisa se manter sua preocupação com a credibilidade. Mesmo porque, partir da informação publicada, existem contestações do público permanentemente.

O jornalista, editor chefe do site A Redação Bruno Hermano finalmente afirma que a internet e a rede social faz parte da sociedade e não é possível deixá-la de lado. As informações ganham novas dimensões nas apurações no jornalismo. A cada minuto serão atualizadas conforme o desenrolar dos fatos, aproximando-se da informação mais apurada. Sobre as fontes, avalia que há mais pessoas falando nas matérias, diferentemente das mídias tradicionais que repetem no dia a dia os seus personagens. As pessoas estão cansadas das mesmas fontes e afirmações,  o jornalismo na rede permite esta dinamicidade, fazendo entender mais pontos de vista sobre o mesmo fato, analisa.

No final, o que se percebe ainda é a dificuldade de se chegar a um denominador comum quando o assunto é jornalismo e internet. Mas todos reconhecem que os desafios são muitos, sobretudo das escolas de jornalismo e profissionais atuantes. Como estão sendo formados os novos profissionais e como estão atuando os jornalistas na mídia, com o rigor que exige a profissão ou há uma superficialidade com aqueles que se aventuram aos tempos modernos? O fato é que este é um tempo sem volta e os caminhos precisam ser trilhados.