Respeitadas e compreendidas todas as diferenças entre os dois países, o Brasil pode tomar a Finlândia como um bom exemplo de sistema educacional
Enquanto a Campanha
Nacional pelo Direito à Educação realiza, em parceria com a Faculdade de
Educação da USP (Universidade de São Paulo) o importante seminário "Nem
herói, nem culpado. Professor tem que ser valorizado", a diretora do
Ministério da Educação da Finlândia, Jaana Palojärvi, visita o Brasil. Como não
poderia ser diferente, a presença da gestora finlandesa por aqui tem causado
certo frisson. Seu país, no curso dos últimos anos, tem sido a principal
referência no PISA (Programme for International Student Assessment ou Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico). E, diante disso, ninguém resiste à
pergunta: qual é o segredo da Finlândia?
Segundo
Jaana Palojärvi, o sucesso finlandês no PISA não tem nada a ver com métodos
pedagógicos revolucionários, uso da tecnologia em sala de aula ou exames
gigantescos como Prova Brasil, Enem ou Enade. Pelo contrário: a Finlândia
dispensa as provas nacionais e aposta na valorização do professor e na
liberdade para ele poder trabalhar.
Adicionalmente, segundo matéria do portal G1, na Finlândia a educação é
gratuita, inclusive no ensino superior. A jornada, de 4 a 7 horas, é
relativamente curta para os padrões europeus. E os alunos não têm muita lição
de casa. "Também temos menos dias letivos que os demais países,
acreditamos que quantidade não é qualidade", diz Jaana.
A gestora educacional considera que duas reformas foram responsáveis pela
melhoria da educação finlandesa: uma na década de 1970 e outra nos anos 1990.
Na década de 70 a educação ganhou centralidade na agenda pública nacional. Já a
partir do início da década de 90, o sistema educacional foi descentralizado. Os
municípios, escolas e, principalmente, os professores passaram a ter mais
autonomia, recebendo condições adequadas de trabalho.
"Fé e confiança têm papel fundamental no sistema finlandês. Descentralizamos,
confiamos e damos apoio, assim que o sistema funciona. O controle não motiva o
professor a dar o melhor de si. É simples, somos pragmáticos, gostamos de
coisas simples."
Em outras palavras, sistemas apostilados, que mediocrizam o trabalho do professor,
não cabem na Finlândia. Bem como programas de remuneração por mérito, tão
defendidos pelo Brasil afora. Atenção economistas de plantão: Ideb (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica) na porta da escola na Finlândia? Jamais!
Obviamente, é impossível implantar o modelo finlandês por aqui. Brasil e
Finlândia são países completamente diferentes. Mas, sem dúvida, a ex-colônia
russa pode servir como exemplo em termos de trabalho pedagógico. E em
remuneração dos professores.
Ao ler as matérias publicadas na imprensa nacional sobre a visita de Jaana
Palojärvi ao Brasil fui surpreendido por uma curiosa notícia: para ela, o
segredo do sucesso não está ligado ao financiamento da educação.
A Finlândia investe um patamar próximo a 6% de seu PIB em educação pública.
"O sistema de educação gratuito não sai tão caro assim, é uma questão de
organização", afirma Jaana.
Mas quanto ganha o professor por lá? Em média, cerca de R$ 8 mil!
Seria justo, seria ótimo... Contudo, nem com um investimento público em educação
pública equivalente a 10% de seu PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil
conseguirá remunerar com R$ 8 mil reais, na média, seus profissionais do
magistério. Na melhor das hipóteses, alcançado esse patamar, daqui a 10 anos,
nosso país pode conquistar uma média de remuneração docente entre R$ 3 mil e R$
4,5 mil reais. Ainda assim, para tanto, precisa ser aprovado e implementado,
urgentemente, um novo e bom PNE (Plano Nacional de Educação).
Portanto, tal como propõe a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a melhor
alternativa de ação é perseverarmos na luta por um "PNE pra Valer!".
Se não podemos ser a Finlândia, que o Brasil dê um passo decisivo e decidido
rumo à educação pública de qualidade.
Adicionalmente, segundo matéria do portal G1, na Finlândia a educação é gratuita, inclusive no ensino superior. A jornada, de 4 a 7 horas, é relativamente curta para os padrões europeus. E os alunos não têm muita lição de casa. "Também temos menos dias letivos que os demais países, acreditamos que quantidade não é qualidade", diz Jaana.
A gestora educacional considera que duas reformas foram responsáveis pela melhoria da educação finlandesa: uma na década de 1970 e outra nos anos 1990. Na década de 70 a educação ganhou centralidade na agenda pública nacional. Já a partir do início da década de 90, o sistema educacional foi descentralizado. Os municípios, escolas e, principalmente, os professores passaram a ter mais autonomia, recebendo condições adequadas de trabalho.
"Fé e confiança têm papel fundamental no sistema finlandês. Descentralizamos, confiamos e damos apoio, assim que o sistema funciona. O controle não motiva o professor a dar o melhor de si. É simples, somos pragmáticos, gostamos de coisas simples."
Em outras palavras, sistemas apostilados, que mediocrizam o trabalho do professor, não cabem na Finlândia. Bem como programas de remuneração por mérito, tão defendidos pelo Brasil afora. Atenção economistas de plantão: Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) na porta da escola na Finlândia? Jamais!
Obviamente, é impossível implantar o modelo finlandês por aqui. Brasil e Finlândia são países completamente diferentes. Mas, sem dúvida, a ex-colônia russa pode servir como exemplo em termos de trabalho pedagógico. E em remuneração dos professores.
Ao ler as matérias publicadas na imprensa nacional sobre a visita de Jaana Palojärvi ao Brasil fui surpreendido por uma curiosa notícia: para ela, o segredo do sucesso não está ligado ao financiamento da educação.
A Finlândia investe um patamar próximo a 6% de seu PIB em educação pública. "O sistema de educação gratuito não sai tão caro assim, é uma questão de organização", afirma Jaana.
Mas quanto ganha o professor por lá? Em média, cerca de R$ 8 mil!
Seria justo, seria ótimo... Contudo, nem com um investimento público em educação pública equivalente a 10% de seu PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil conseguirá remunerar com R$ 8 mil reais, na média, seus profissionais do magistério. Na melhor das hipóteses, alcançado esse patamar, daqui a 10 anos, nosso país pode conquistar uma média de remuneração docente entre R$ 3 mil e R$ 4,5 mil reais. Ainda assim, para tanto, precisa ser aprovado e implementado, urgentemente, um novo e bom PNE (Plano Nacional de Educação).
Portanto, tal como propõe a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a melhor alternativa de ação é perseverarmos na luta por um "PNE pra Valer!". Se não podemos ser a Finlândia, que o Brasil dê um passo decisivo e decidido rumo à educação pública de qualidade.