'Vocês estão ultrapassando o limite de espaço', diz Feliciano a jornalistas

Presidente da Comissão de Direitos Humanos reafirmou que não renuncia.

Alvo de processos, deputado disse que jornalistas 'falam besteiras'.


Foto: Banner auto-promocional no site oficial do deputado-pastor.

O deputado Marco Feliciano (PSC), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, criticou a imprensa na manhã desta quarta-feira (27). Alvo de processo por discriminação e pressionado a renunciar à presidência, Feliciano afirmou que os jornalistas “estão ultrapassando o limite de espaço” , “não tem outro assunto para falar” e que “falam besteiras”. O deputado reafirmou que não vai renunciar "de jeito nenhum".

Feliciano foi à embaixada da Indonésia para conversar com o embaixador sobre a situação de dois brasileiros que estariam condenados à morte no país. 

"Não falo mais nada. Vocês [jornalistas] estão ultrapassando o meu limite de espaço. Eu estou aqui para um assunto sério e vocês estão de brincadeira", disse. Mais


Críticas e controvérsias

Um vídeo que mostra o pastor pedindo a senha do cartão de crédito de um fiel de sua igreja foi divulgado. Nas imagens, Feliciano diz: "É a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar e vai falar que Deus é ruim." O parlamentar afirmou que "estava brincando" na ocasião.

Atualmente ele responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por homofobia e estelionato, por ter sido acusado de ter recebido 13 mil reais para realizar um culto no estado do Rio Grande do Sul sem ter comparecido ao evento. Uma reportagem do jornal Correio Braziliense fez uma denúncia dizendo que Feliciano desvia dinheiro público, através de seu cargo como deputado federal, para beneficiar sua igreja e empresas de sua propriedade.


Acusações de racismo, homofobia e misoginia

Em março de 2011, Feliciano postou em sua conta no Twitter frases de cunho racista, dizendo que "Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polemica (sic). Não sejam irresponsáveis twitters" e que "A maldição que Noé lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". Feliciano defende a tese de que os povos africanos vivam sob a Maldição de Cam e que a maldição descrita na Bíblia Hebraica é a causa de problemas sociais no continente africano. Em um post sobre os homossexuais, Feliciano disse: "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas."

Em março de 2013, a apresentadora Xuxa chamou o pastor de "monstro" por suas declarações racistas e homofóbicas. Feliciano respondeu dizendo que irá abrir um processo contra a apresentadora. A seguir, ele desistiu da ação judicial.

Durante uma entrevista para o livro Religiões e política; uma análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e LGBTs no Brasil, o pastor Feliciano afirmou ser contrário às revindicações do movimento feminista porque elas podem tornar a sociedade majoritariamente homossexual:

"Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos. Eu vejo de uma maneira sutil atingir a família; quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos."

A afirmação do deputado gerou ainda mais críticas contra a sua conduta, além de acusações de homofobia e misoginia.