por Sylvia Debossan Moretzsohn *
O mês de dezembro ofereceu duas excelentes oportunidades para se
pôr em causa os critérios de avaliação das nossas universidades: primeiro, em
6/12, quando o ministro da Educação prometeu punir os cursos que haviam tirado
notas baixas; duas semanas depois, quando anunciou a punição a ser aplicada.
Entre os “cursos ruins” figuravam os de algumas federais, duas das quais do Rio
de Janeiro: a UFRJ e a UFF.
Talvez por isso, entre os três principais jornais do país,
apenas O Globo tenha
dedicado espaço, em suas edições de 20 e 21 de dezembro, ao ocorrido com essas
duas instituições. Especialmente à UFF, que viveria situação mais grave, com a
hipótese – entretanto apresentada como certeza – de suspensão da abertura de
vestibular nos cursos de Arquitetura e Ciências Sociais, em 2013. O jornal
ouviu diversas fontes que apontaram o boicote dos alunos ao Enade – o “Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes”, substituto do “Exame Nacional de
Cursos”, ou Provão, instituído por lei em fins de 1995 – como o principal
responsável pelo mau resultado.
Nem seria preciso recorrer a essas fontes para saber disso.
Muitos dos atuais repórteres estudaram em instituições públicas. Se foram
alunos atentos, deveriam saber que o boicote existe desde o Provão, embora hoje
tenha alcance muito mais reduzido do que no início. Leia a íntegra no Observatório da Impresna.
* jornalista,
professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os
fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora
Revan, 2007).