Palestra "A mídia e a verdade" encerra Semana de Comunicação do Araguaia



Na sexta, dia 19, encerrou-se a Semana de Comunicação do Campus Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. A programação da noite começou com uma descontraída apresentação de vídeos produzidos pelos alunos da Oficina de Produção Audiovisual, ministrada pelo professor Maurício Falchetti. Os vídeos mostravam realidades da cidade, do Campus, dos alunos e dos professores. Os participantes da oficina explicaram ao público como foi foram elaborados os vídeos a partir das técnicas aprendidas.

Em seguida, o professor e doutorando em Letras e Linguística na Universidade Federal de Goiás - UFG Wilton Divino da Silva Júnior, falou sobre o tema "A mídia e a Verdade". Wilton trouxepensamento de Nietsche para destacar que "verdades são ilusões. Ou, nas palavras de Foucault: é uma construção histórica, é um erro milenar". Ele resume: "A verdade são enunciados ditos que as pessoas vão absorvendo e tomando como verdade".

O palestrante destacou sua visão sobre o espetáculo em torno do discurso da sustentabilidade, mostrando como a mídia utiliza-se de um discurso de divulgação científica - e não um discurso científico - para construir uma visão apocalíptica sobre as questões ambientais. Wilton citou o filme de Al Gore "Uma verdade inconveniente", em que a questão de uma possível catástrofe ambiental é destaque. O filme tenta sensibilizar as pessoas para a questão ambiental, levantando como tema o aquecimento global. A partir da análise da obra, o professor propõe uma reflexão: "será que a verdade é um posicionamento de câmeras?"

Segundo o professor, "A mídia usa um discurso de divulgação científica e não um discurso científico. Existe um apagamento do método científico pela mídia e, ao mesmo tempo a espetacularização do problema ambiental.”

Ele acrescentou que há também uma responsabilização que recai sobre o público: “ O equilíbrio ecológico vira uma questão moral, deixando de ser uma questão política: vamos salvar o planeta, é a mensagem. E tudo que se diz sobre meio ambiente tem visão apocalíptica. A criação geme em dores de parto. As mídias constituem subjetividades criando sujeitos socialmente responsáveis e ecologicamente corretos. Ele conclui dizendo que “salvar a terra é apresentada como uma ideia triunfal, a cargo do sujeito verde em que todo indivíduo deve se transformar.”

por Nathan Sampaio e Alfredo Costa