Barra do Garças: de braços abertos para me acolher



Por Patrícia Kolling – Jornalista, mestre em Comunicação, Professora de jornalismo da UFMT desde junho de 2010. (e-mail: patikolling@gmail.com)

Pleno sábado de sol em Cuiabá. Dia de pegar a estrada e vir definitivamente a Barra do Garças para iniciar o trabalho como professora de jornalismo da Universidade Federal do Mato Grosso.

Sai de Cuiabá, passei por Chapada dos Guimarães, Campo Verde e Primavera do Leste, e daí foram mais 300 quilômetros de estrada, em que a minha vista somente alcançava plantações de milho, algodão e algumas fazendas de gado. Depois de cerca de 550 Km rodados, para chegar em Barra, sinceramente, a impressão que tive é que estava chegando ao município mais isolado do Mato Grosso. (Destacando que ainda estou acostumada com as distâncias do sul do país, onde a cada 20 ou no máximo 50 km encontramos uma cidade.) Parecia que eu havia chegado ao lugar mais longe do mundo, longe de tudo e, principalmente, de todos (amigos e familiares). A primeira vontade que tive, foi a de voltar correndo para Cuiabá, para perto dos meus entes queridos.

Mas, na cidade, ao poucos fui encontrando pessoas: a recepcionista da pensão, o garçom do restaurante, a secretária do curso, o coordenador e os professores da UFMT e também os meus futuros alunos. E comecei a sentir que o isolamento e a distância eram apenas geográficos, pois a aura que emana entre as pessoas, que aqui vivem, é de muito acolhimento e receptividade. Parece-me que as pessoas estavam todas de braços abertos para me receber – e também para me auxiliar e me orientar. Francamente, o calor humano e a gentileza das pessoas que foram cruzando o meu caminho – para mim acostumada a conviver com gaúchos, que sinceramente são mais frios, reservados e menos comunicativos - me deixaram surpresa e acima de tudo muito feliz. E isso tudo, faz com que hoje, estando aqui a pouco mais de uma semana, já me permita sentir em casa.

Quem sabe esteja nesta característica deste povo o motivo de terem decidido construir um Cristo de braços abertos, em um dos lugares mais altos e bonitos da cidade. Um Cristo, que como diz em sua pedra fundamental, representa a integração dos povos de dois estados: Mato Grosso e Goiás. Ilusão de quem pensa que Barra do Garças integra apenas dois estados. Esta cidade é o maior espaço de integração e miscigenação do país. Aqui tem gaúcho, catarinense, paulista, mineiro, goiano, carioca; gente de tudo que é canto.

Então, fica a pergunta, que renderia até uma dissertação de mestrado: será que vieram para cá as pessoas mais acolhedoras do Brasil ou será que é a brisa do Garças e do Araguaia que tem o poder de transformar as pessoas?

Ao apresentar esta reflexão, quero agradecer a todos que aqui me acolhem, e que nestes 10 dias foram espontâneos ao dizer: seja bem vinda ao nosso município. Sou mais uma das gaúchas que aqui chega com o sonho para auxiliar para o desenvolvimento deste pago e no crescimento pessoal e profissional de todos os seus gaudérios. Espero poder realizar este desejo, e que a previsão, que ouvi de muitos, de que aqui serei muito Feliz, seja por Deus concretizada.

A todos um forte quebra costelas – abraço – como diria o verdadeiro gaúcho.

*Quando comecei a escrever este artigo, queria também falar das belezas naturais (rio, praia, verde) desta terra, mas o texto foi tomando outro rumo. Aguardem, em breve, novo texto com mais impressões de Barra do Garças.

Foto: Cristo Redentor em Barra do Garças (Crédito: Turismo/Assessoria - Secom/MT)